Não, não vou falar sobre a negociação do Datena, o assunto já deu o que tinha que dar. Ele até se arrependeu, coitado. O título é só um adendo ao que acontece com a Polícia Militar de São Paulo. O assunto é outro. Na edição da semana passada da revista Época, uma reportagem
me chamou a atenção. Com o título “Cinco histórias de violência”. Não é
surpresa saber o conteúdo: a onda de violência que toma o estado de São Paulo.
Vítimas para todos os lados. Policiais, bandidos e pior, inocentes. A
reportagem trata de apenas um lado: cinco histórias de policiais mortos, em
serviço ou não, e tudo o que fizeram em vida e o lamento dos familiares.
Não quero questionar o trabalho de reportagem. Mas me
incomoda – e acredito que grande parte da população – a ode que a imprensa faz
para a polícia. É impressionante como a imprensa tem encarado essa situação.
Como se a polícia fosse a grande vítima dessa história toda. E sabemos que não
é bem assim.
Seria tolice minha também dizer que “toda a polícia não
presta”. É como dizer que todo muçulmano é terrorista. Mas estamos falando de
uma corporação. Uma corporação pública, que nós sustentamos com nossos
impostos. Um pode representar todos, afinal todos estão sob uma mesma farda.
Polícia antiquada e despreparada, mortes a rodo. |
A reportagem conta, de maneira dramática, o que os policiais
faziam com suas famílias e no trabalho e como foram – brutalmente – mortos. É
aquela velha história: quando morre, a pessoa vira santa. Provavelmente todos
esses policiais da reportagem são vítimas de um sistema que outros colegas
corromperam. Esses da reportagem são “de bem”, incluídos em mais estatísticas. Além
disso, a matéria nos conta que o combate ao crime passou para a Polícia Militar,
substituindo uma tropa de elite criada no DHPP (Departamento de Homicídios e
Proteção à Pessoa). Mudança promovida pelo incompetente Geraldo Alckmin. Veja
bem, a despreparada PM passou a combater o crime. A continuação dessa história
já sabemos.
A polícia carece de credibilidade: a PM de São Paulo não é
das mais confiáveis – herança maldita da ditadura – e não combate o crime com
eficiência que deveria ter. O povo vira refém dos bandidos e pior ainda, da
polícia. O recente caso de PMs que mataram um suspeito, com imagens exibidas em
rede nacional por um cinegrafista amador, chocaram e colocam mais em xeque
ainda o trabalho desa polícia que sim, mata aleatoriamente.
Os conservadores vão dizer: “mas quando o bicho pega, o povo
chama pela polícia”. Claro, afinal essa é a obrigação deles. Pagamos por isso. Mas
é direito de todo cidadão clamar por mais segurança e eficiência, ausentes
hoje.
Em resumo, não é surpresa o despreparo da polícia, que se
submete a chamar o Datena para mediar uma negociação de sequestro.