segunda-feira, 1 de outubro de 2012

"Guerra dos Sexos": remake em quadrinhos


Dessa vez não há o símbolo de "versus". Os dois sexos estão
em pé de igualdade
Aquele que achar que “Guerra dos Sexos” tem que ser o retrato fiel de uma suposta guerra entre sexos, está enganado. Ou então que seja real, num momento em que as mulheres estão no poder, também está enganado. A nova novela das 19 horas da Rede Globo é um convite à diversão, uma tiração de sarro no melhor estilo Silvio de Abreu de fazer novelas. São Paulo, lojas, a Mooca, a rica zona sul. Todos os elementos preferidos do autor estão lá.

A novela começa com a leitura do testamento deixado pelos finados Charlô I e Otávio I (Fernanda Montenegro e Paulo Autran na primeira versão) e, claro, a disputa entre os primos Bimbinho e Cumbuqueta, Tony Ramos e Irene Ravache (com direito até a capa de bruxa) ao saber que serão sócios.  O uso de animação gráfica já começou nas primeiras cenas e chegou à abertura, com uma qualidade tamanha que não era possível, num primeiro momento, distinguir o que era real ou animado. Ainda nas primeiras cenas, a exibição de cenas da primeira versão e os quadros de Fernanda e Paulo animados com expressões farão referências à trama original. Uma tentativa de aproximar os que assistiram pela primeira vez.

Abertura recria a cena clássica da primeira versão
A trilha sonora incidental é pastelão, do jeito que Silvio de Abreu gosta, combinando com o tom humorístico de praticamente todas as cenas. Para manter a nostalgia da versão anterior, músicas da trilha sonora voltam repaginadas. A fotografia é viva, não tão colorida como em “Cheias de Charme”, mas viva, vibrante. Há também o uso de outros tipos de lente, tomadas não convencionais (como nas pernas que Bimbinho viu do carro e visão que quadro de Charlô I e Otávio I), dando uma cara de história em quadrinhos para a novela. A animação gráfica ainda se mostrou presente na fachada da loja Charlô’s. Para aumentar mais essa sensação de “história animada”, o carro antigo de Bimbinho é o contraste com a modernidade de São Paulo.

Uma São Paulo viva e rica, mostradas na zona sul e na zona leste com a Mooca. Isso pode afastar o público popular (do morro) da novela anterior, mas a temática urbana (vista no lançamento da coleção, skate, transições de cenas e MMA) reforça essa identidade que, mesmo viva, é totalmente oposta ao universo (chato) das empreguetes de “Cheias de Charme”.

“Guerra dos Sexos” marca a volta de Luana Piovani às novelas e Reynaldo Gianechinni após o câncer. Drica Moraes também está de volta após uma leucemia. O elenco, de primeira linha, segura a novela, que tem um texto leve, caricato, uma marca do humor de Silvio de Abreu. Os clichês dos sexos estão todos lá: mulher não sabe dirigir, homem é mal educado e barbeiro, mas conta com uma máxima dos nossos dias: as mulheres no poder representadas por Charlô pilotando um avião.

Fernandona e Autran presentes no remake
O remake de “Guerra dos Sexos” é, sem dúvida, uma novela para todos os sexos. Se nos anos 1980 era um embate onde os homens estavam no poder, hoje a piada pode soar tosca, mas ainda garante algumas risadas. Tony Ramos e Irene Ravache estão ótimos, mas a novela corre o risco de ter uma rejeição do público anterior. Uma novela de meninas, empreguetes e sonhadoras. Um porre.

“Guerra dos Sexos” é uma historia em quadrinhos, por vezes tosca, por vezes engraçada. Não é uma novela convencional. Enfim, a guerra está declarada!



Guerra dos Sexos
19h
Direção: Jorge Fernando
Autor: Sílvio de Abreu
Para saber mais: guerradossexos.globo.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário