Dessa vez não há o símbolo de "versus". Os dois sexos estão em pé de igualdade |
Aquele que achar que “Guerra dos Sexos” tem que ser o
retrato fiel de uma suposta guerra entre sexos, está enganado. Ou então que
seja real, num momento em que as mulheres estão no poder, também está enganado.
A nova novela das 19 horas da Rede Globo é um convite à diversão, uma tiração
de sarro no melhor estilo Silvio de Abreu de fazer novelas. São Paulo, lojas, a
Mooca, a rica zona sul. Todos os elementos preferidos do autor estão lá.
A novela começa com a leitura do testamento deixado pelos
finados Charlô I e Otávio I (Fernanda Montenegro e Paulo Autran na primeira
versão) e, claro, a disputa entre os primos Bimbinho e Cumbuqueta, Tony Ramos e
Irene Ravache (com direito até a capa de bruxa) ao saber que serão sócios. O uso de animação gráfica já começou nas
primeiras cenas e chegou à abertura, com uma qualidade tamanha que não era
possível, num primeiro momento, distinguir o que era real ou animado. Ainda nas
primeiras cenas, a exibição de cenas da primeira versão e os quadros de
Fernanda e Paulo animados com expressões farão referências à trama original.
Uma tentativa de aproximar os que assistiram pela primeira vez.
Abertura recria a cena clássica da primeira versão |
A trilha sonora incidental é pastelão, do jeito que Silvio
de Abreu gosta, combinando com o tom humorístico de praticamente todas as
cenas. Para manter a nostalgia da versão anterior, músicas da trilha sonora voltam
repaginadas. A fotografia é viva, não tão colorida como em “Cheias de Charme”,
mas viva, vibrante. Há também o uso de outros tipos de lente, tomadas não
convencionais (como nas pernas que Bimbinho viu do carro e visão que quadro de
Charlô I e Otávio I), dando uma cara de história em quadrinhos para a novela. A
animação gráfica ainda se mostrou presente na fachada da loja Charlô’s. Para
aumentar mais essa sensação de “história animada”, o carro antigo de Bimbinho é
o contraste com a modernidade de São Paulo.
Uma São Paulo viva e rica, mostradas na zona sul e na zona
leste com a Mooca. Isso pode afastar o público popular (do morro) da novela
anterior, mas a temática urbana (vista no lançamento da coleção, skate, transições
de cenas e MMA) reforça essa identidade que, mesmo viva, é totalmente oposta ao
universo (chato) das empreguetes de “Cheias de Charme”.
“Guerra dos Sexos” marca a volta de Luana Piovani às novelas
e Reynaldo Gianechinni após o câncer. Drica Moraes também está de volta após
uma leucemia. O elenco, de primeira linha, segura a novela, que tem um texto
leve, caricato, uma marca do humor de Silvio de Abreu. Os clichês dos sexos
estão todos lá: mulher não sabe dirigir, homem é mal educado e barbeiro, mas
conta com uma máxima dos nossos dias: as mulheres no poder representadas por
Charlô pilotando um avião.
Fernandona e Autran presentes no remake |
O remake de “Guerra dos Sexos” é, sem dúvida, uma novela
para todos os sexos. Se nos anos 1980 era um embate onde os homens estavam no
poder, hoje a piada pode soar tosca, mas ainda garante algumas risadas. Tony
Ramos e Irene Ravache estão ótimos, mas a novela corre o risco de ter uma
rejeição do público anterior. Uma novela de meninas, empreguetes e sonhadoras.
Um porre.
“Guerra dos Sexos” é uma historia em quadrinhos, por vezes
tosca, por vezes engraçada. Não é uma novela convencional. Enfim, a guerra está
declarada!
Guerra dos Sexos
19h
Direção: Jorge Fernando
Autor: Sílvio de Abreu
Para saber mais: guerradossexos.globo.com
Animação com os personagens: http://especiais.guerradossexos.tvg.globo.com/novelas/guerra-dos-sexos/conheca-os-personagens/salao.html
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