quarta-feira, 22 de maio de 2013

"Dona Xepa" estreia com 9 pontos e tranquiliza Record


A estreia de "Dona Xepa" na Record mostra que a emissora está no caminho certo – mas tem coisas que só o “estilo Record de fazer novelas” pode proporcionar.

A história da feirante que faz de tudo pelos filhos já teve três versões: a peça de teatro original de Pedro Bloch, um filme em 1959, a primeira versão da novela em 1977 na Globo (escrita por Gilberto Braga) e, agora, a quarta versão pela Record. Não é um remake da novela global e sim uma nova versão, inspirada na peça de teatro. A emissora não economizou nas propagandas (com uma divulgação impagável de Marcelo Rezende no policialesco Cidade Alerta:. http://www.youtube.com/watch?v=bnlyBK-0ta0). Depois do fiasco “Máscaras”, “Balacobaco” tinha a missão de fazer voltar os dois dígitos de média. Não conseguiu – terminou com uma média de 7 pontos. “Dona Xepa” tem essa dura missão de voltar pelo menos próximo aos 12 pontos de “Vidas em Jogo”.

Ângela Leal, além do nome da personagem-título, carrega a novela – e a feira – nas costas. a Dona Xepa garante boas risadas com um sotaque que parece feito para a atriz. Dá pena ver uma atriz como esta contracenando com atores tão fracos. Aliás, muitos dos que estão lá vieram da Rede Globo. E parece que desaprenderam tudo...

A produção, ainda que popular, não é popularesca como “Balacobaco”. A Record mantém a ousadia de deixar uma novela com os dois pés no humor num horário considerado tarde para este tipo de produção. O que é ótimo, é uma opção a mais para combater à "nova-velha" grade da Rede Globo no horário.

Ainda assim, “Dona Xepa” tem exageros típicos das novelas da emissora: trilhas sonoras e incidentais mal escolhidas ou mal colocadas em cenas aleatórias (quando Robertha Portella, interpretando Dafne, a mulher-fruta, toca a música "Mulher Brasileira": mais clichê, impossível), slow motion em sequências que seria totalmente dispensável (parece que é para ganhar tempo), atores carregando nos exageros (Luiza Thomé interpretando Meg Pantaleão está num tom muito acima e Márcio Kieling avacalha na canastrice), atores que saíram de “Malhação” (mas a “Malhação não saiu deles): Bia Montez, Giuseppe Oristânio e o próprio Márcio Kieling. Do núcleo principal, Thaís Fersoza (Rosália, a filha ambiciosa) se garante muito bem, ao contrário de um inexperiente Arthur Aguiar (o filho estudioso, mas que tem vergonha da mãe por ela ser feirante, assim como Rosália).

“Dona Xepa” é uma aposta da Record em novelas com número reduzido de capítulos, o que é uma surpresa vindo da emissora. Enquanto algumas se arrastam por mais de um ano até, esta tem a missão de fechar com 90 capítulos, aproximadamente. Mas o autor Gustavo Reiz já disse que, dependendo da audiência, pode ser “espichada”. Ivan Zettel, experiente diretor de tv, assina a direção geral da novela, que consegue se sair bem. Divertida, popular (mas não popularesca), bem feita (fotografia sem maiores elogios, é competente), “Dona Xepa” tem tudo para agradar um público que prefere um tipo mais leve de telenovela. É uma melhora em relação à “Balacobaco”, mas ainda não chega aos níveis de “Cidadão Brasileiro”, uma das melhores produções da Record – que Zettel dirigiu, aliás.

Torcer para que a emissora não brinque com o horário. A prova é que “Balacobaco” não sofreu desse mal e aumentou os números de audiência. "Dona Xepa" estreou com 9 pontos de média e 10 de pico, o que é um avanço. Mas 7 pontos de média geral (como "Balacobaco") ainda não é o bastante para uma emissora que se diz “tv de primeira”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário