Amor ao time ou vontade de aparecer? |
Um jogo sem torcida. Mas quem disse que ela fez falta?
Talvez tenha feito, afinal ela é parte – apenas uma parte – do espetáculo do
futebol. Mas a vitoria do Corinthians em cima do Millonarios por 2 a 0 só fez
provar que torcida nenhuma é maior que um clube, ainda que alguns teimem em
colocar a paixão, o amor e a loucura, acima do time.
Aliás, o Corinthians é maior que a Libertadores. Um
campeonato que ao invés de evoluir ano a ano, se mostra desorganizado e sem
prestígio. Os fanáticos vão dizer que “foi só o Corinthians entrar que
estragou”. Não. De maneira alguma. A desorganização do futebol sul-americano
vem de longa data – vide a estrutura dos estádios em outros países, a segurança
porca, os escudos protegendo jogadores ao cobrar escanteios, a briga na final
da Copa Sulamericana entre São Paulo x Tigres, etc – e culminou na tragédia em
Oruro (não é mais necessário discutir se a punição é justa ou não).
Cabia ao time alvinegro acatar a decisão. Mas não. Compararam
a decisão até com a ditadura, com a inquisição, uma decisão da época das
cavernas – palavras ditas pelo presidente (veja bem, pelo presidente) do clube,
Mário Gobbi. A diretoria, parecendo uma criança mimada – tal qual parte de seus
torcedores – bate de frente e “joga a bola” para a CONMEBOL, que a
responsabilidade é dela, etc. Não que estejam errados. Mas aceitar a decisão
até o julgamento seria mais íntegro.
Para piorar a situação, alguns torcedores motivados por,
talvez, uma forte vontade de aparecer mascarada pela “garantia de direitos”, resolveu
entrar na justiça para garantir a entrada no estádio do Pacaembu. Quatro
torcedores ganharam este direito. Hoje estão nos jornais, programas esportivos
e derivados. Aquele velho complexo de torcedor: quer ser maior que o time, quer
mostrar que é o mais apaixonado. Pura carência e cada vez mais torcedores
entrarão com esse recurso. A falta do que fazer nunca foi tão escancarada.
Mas, dos males, o menor: a “invasão” convocada por alguns
imbecis fanáticos na Praça Charles Müller foi de alguns poucos corinthianos e
nada de (mais) problemas.