segunda-feira, 1 de julho de 2013

O campeão voltou!

Não há como negar: o Brasil, mesmo em tempos mais políticos – ou democráticos, como preferir – é sim o país do futebol. E ainda há quem negue.

foto: Adriano Vizoni/Folhapress
A vitória com direito a goleada por 3 a 0 diante da então poderosa Espanha parecia inimaginável. A super seleção espanhola, que venceu 3 dos 4 títulos disputados em 5 anos (Euro 2008, Copa 2010 e Euro 2012), precisava apenas da Copa das Confederações para completar essa galeria vitoriosa. Nem o mais otimista poderia pensar numa vitória brasileira. E ela veio.

A equipe de Felipão – prefiro evitar o termo “família Scolari”, passado é passado – é nova, criada meio que às pressas e que evoluiu partida a partida. Depois de algumas decepções, afinal a cobrança dos milhões de treinadores é grande, a seleção brasileira mostrou em cinco jogos e cinco vitórias que é, agora, franca favorita ao mundial, ao lado de Espanha e Alemanha. Neymar (que deixou o recado: é craque e só tem a melhorar o que já é bom, o Barcelona), Fred (artilheiro nato) e companhia provavelmente serão a base para 2014, com uma ou outra mudança.

foto: globoesporte.com/Agência AP

Muitos tentam desmerecer a seleção espanhola, o que é um engano gravíssimo. A equipe do treinador Vicente del Bosque é poderosa, contando com estrelas do Barcelona: Iniesta, David Villa, Xavi, entre outros do mesmo Barça e de outros times. É uma geração vitoriosa. Dizer que jogaram mal é burrice. Dizer que entregaram é pior ainda. Dizer que acabou a hegemonia, outro engano. O fato de terem perdido para uma seleção brasileira até então desacreditada não desmerece esse plantel.

foto: Adriano Vizoni/Folhapress
Mas pior ainda, envolvidos pela onda de – justas – manifestações pelo país, desmerecer a vitória do Brasil e todo o evento. É verdade que foram e serão gastos milhões de reais. Mas é mais verdade ainda que nada disso tem a ver com aqueles jogadores que estavam ali representando um país. Misturar as duas coisas, mesmo que caminhem lado a lado, é um pensamento quadrado, reacionário e até infantil. Não vou deixar de torcer pelo fato de políticos terem gastado milhões ali.

Futebol é paixão? Não. Acho passional demais isso. Futebol é “só” esporte e como tal merece toda atenção. É do esporte (não só do futebol) que brotam talentos, alguns empenhados em construir uma imagem de um país melhor. É do esporte que temos algum alento em tempos sombrios: tricampeão em 70, em plena ditadura; tetra (94) e penta (2002) em momentos de indefinição política e agora campeão da Copa das Confederações – ou das Manifestações. As manifestações não vão parar. Passou o tempo de que o brasileiro fosse anestesiado pelo futebol. Os dois podem – e devem – caminhar juntos, cada um a seu momento.

foto: globoesporte.com/Agência AP

Diante de tudo isso, em catarse pela vitória inesperada do Brasil, não tem como não entoar a frase do ano: VEM PRA RUA!

P.S.: Depois de escrever esse texto, Felipão, em coletiva após a vitória, arrematou: "A nossa equipe hoje representa os anseios do povo brasileiro. É isso que queremos: representar o nosso povo na nossa área. Na outra (a política), não podemos". A notícia pode ser lida aqui: "Antes de falar mal do meu país, olhe para o seu", diz Felipão a inglês

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Eu tô te explicando pra te confundir*

As duas últimas semanas têm sido bombardeadas por informações e opiniões de todos os lados. Como lidar?


Desde as primeiras manifestações até as (rápidas como nunca se viu) decisões em várias instâncias de governo, nós somos inundados por cada vez mais informação. Cada vez mais não sabemos onde isso vai dar. Cada vez mais não sabemos como isso se manterá. E cada vez mais, mais informação. Inclusive esse texto. Perdoem-me.

Opiniões de “conceituados” jornalistas não faltam. Li por aí que é no mínimo contraditório figurões do nosso jornalismo, que passaram por todas as outras manifestações, ditaduras, etc no Brasil estejam dando pitaco no que acontece hoje. Uns vão dizer: “mas é a voz da experiência, devemos ouvi-los”. Outros – eu (com)partilho mais para esse lado – afirmam que estão obsoletos, conservadores, reacionários, saudosistas e que essas “análises” devem ser feitas por quem está ali, presente. Por jovens – ou nem tão jovens assim – que dão suas opiniões a rodo nas redes sociais. Aliás, o que seria de tudo isso sem facebook e twitter?

Confesso: a quantidade de informação tornou-se pesada. Pesada por motivos próprios e acredito que muitos (não só jornalistas) estejam assim. Virou um vício saber o que está acontecendo, onde, porque, com quem, como. E isso em todos os meios de comunicação, sejam eles conservadores (como a Folha, globo.com, Estadão) ou “libertários” como a Carta Capital e, claro, o Facebook.

Tento me livrar disso. Mas é complicado. Pego um livro pra ler, que ainda não tinha lido: “Terror Global”, do Demétrio Magnoli, respeitado jornalista que trata de geopolítica. Evidentemente, o livro trata do terror instalado desde os atentados de 11 de setembro e seus antecedentes e projeções futuras. E, veja só, mais terror. Ah, e inclino-me a reler “Anatomia de um Instante”, do espanhol Javier Cercas. O livro trata do golpe de estado na Espanha e seus desdobramentos. Realmente, a violência e o terror tem seu charme. Esse texto do site “Papo de Homem” explica melhor: http://papodehomem.com.br/brevissimo-ensaio-sobre-o-fascinio-pela-violencia/

Entre um livro e uma notícia ou outra, assisto ao jogo do Brasil. Mais tensão. Ou então baixo o capítulo da novela de ontem e tento assisti-lo novamente. Em vão. Tomo um café. Procuro emprego.

Mas não quero perder o trem da história.

*verso da música "Tô", do Tom Zé.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Quem quiser, que saia! Bole-Bole vai virar Saramandaia!

Saramandaia estreia com manifestação e pedido de plebiscito. E não tinha nada combinado.

Algumas coincidências são intrigantes. No caso, assustadoras. O remake de Saramandaia estreou na tv Globo no momento em que o Brasil passa por um dos momentos mais turbulentos desde a chegada da democracia. O povo foi às ruas depois de anos de inércia. Em Saramandaia o povo – sobretudo os jovens, como hoje – foi às ruas pela mudança do nome da cidade Bole-Bole para Saramandaia. Munidos de celulares, tablets, Skype e até mesmo transmissões ao vivo. Sim, nos dois. A novela usa e abusa da tecnologia para integrar a população bolebolense. O limite entre realidade e ficção nunca foi tão posto à prova quanto neste capítulo de estreia.

A primeira versão foi ao ar em 1976. Dias Gomes, comunista, escreveu a novela em plena ditadura militar. Através de metáforas, incorporadas em personagens com características peculiares, driblou a censura. O discurso político era forte. Evidente que se não fosse essa onda de manifestações que se alastra pelo Brasil hoje, os fatos da novela passariam despercebidos. O autor do remake, Ricardo Linhares e toda a equipe devem estar soltando fogos.

Linhares escreve a novela “livremente inspirado” na obra anterior. Portanto, há a criação de novas tramas e personagens e a necessária adaptação para o momento político. Não faltaram referências ao mensalão, como quando Zico Rosado (o bastantemente corrupto vivido por José Mayer que bota formigas pelo nariz quando é contrariado) diz que deu “um dinheirinho” para os vereadores. Ele arremata: “não se pode confiar em político comprado. Palavra não vale mais nada!”. O traiçoento Zico vai além e critica: “Essa internet... Pena que não dá pra colocar uma mordaça nisso aí!”. Mas Mayer parece que mantém características de outros personagens. Tomara que isso se desfaça com o tempo.

E Zico Rosado faz parte de uma nova trama: na juventude, foi namorado de Vitoria Vilar (Lília Cabral, pela 67864ª vez parceira de Zé Mayer e uma das novas personagens. Ela literalmente se derrete de amor). As famílias Rosado e Vilar são rivais e o conflito está pronto. Ela volta a Bole-Bole (agora, Saramandaia) e os dois vão acertar contas. No amor e na política.

Todos os tipos estranhos foram mostrados. Dona Redonda (Vera Holtz) e sua fome interminável, Seu Encolheu (Matheus Nachtergaele) e sua previsão do tempo pelos ossos, Cazuza (Marcos Palmeira) que quando se emociona bota o coração pela boca, Marcina (Chanderlly Braz) que fica em brasa quando excitada, Candinha Rosado (Fernanda Montenero, sempre simples e brilhante), Tibério Vilar (Tarcísio Meira, pai de Vitoria Vilar e novamente pai de Lília Cabral, assim como em “A Favorita”) e, claro, João Gibão (Sergio Guizé) e suas asas escondidas.

As brigas entre famílias – capitaneadas por Tibério, que já criou raízes no chão e Candinha, que enxota galinhas imaginárias – soam velhas hoje, assim como algumas disputas políticas. O prefeito Lua Viana (Fernando Belo) faz o tipo "caxias" e defende a mudança de nome, ao contrário de Zico Rosado. Mas a adição de meios tecnológicos e novos personagens e tramas dão fôlego ao remake, assim como a tentativa de dialogar com os momentos recentes da política e vida no Brasil. O discurso do professor Aristóbulo (Gabriel Braga Nunes, que ainda vai virar lobisomem) falando qualquer coisa estranha e “estrogonófica” e o povo aplaudindo é a encarnação da demagogia dos nossos políticos. Zico Rosado diz: “Sai dos abstratos e entra nos concretismos!”.

A novela usa e abusa de neologismos, como já deu para perceber. Assim como nas chamadas, os personagens dão vazão a um sem fim de novas experssões: sujismo, desmiolenta, cervejação, hipocrisismo, merecedência, bastantemente, topetice, entre outros. Um fantastiquento vocabulário que apesar de engraçado, pode tornar-se maçante. Explico depois.

Apesar das cenas terem começado com a música “Pavão Mysteriozo”, de Ednardo, a abertura abdica da música original de 1976 pela primeira vez em um remake das 11. A animação elaborada que remete aos personagens contrasta com a precariedade da original (veja aqui: http://www.youtube.com/watch?v=sR7ul_2zkSY). Mas a música, tão encaixada com a novela, faz falta. “Saramandaia” leva o realismo fantástico tão toscamente feito em 1976 ao que se tem de mais moderno em efeitos especiais. Os takes aéreos da cidade são quase todos feitos em computador, já que a cidade reúne colina, duna, floresta, morros em um só lugar, o que naturalmente não existe. O primeiro capítulo mostrou “apenas” um coração saindo pela boca. Surreal de tão bem feito. A fotografia é viva, colorida, mas por vezes árida, amarelada, mas não há grandes inovações como planos diferenciados. É tudo muito convencional, o que destoa das recentes produções da emissora como "Avenida Brasil" e "Amor à Vida". Convencional demais para uma novela de caráter especial.

O texto é bom (às vezes infantil), mas Ricardo Linhares peca ao deixar os neologismos para todos os personagens, quando essas extravagâncias poderiam ser de um político demagogo como Zico Rosado. A “imponência estravagântica” se espalha e pode se perder, tornando-se chata e sem graça.

A novela chama o público pelos efeitos e não pela história. Não tem o mistério e o suspense de “O Astro” (2011) e nem a sensualidade de “Gabriela” (2012). “Saramandaia” aposta nos efeitos especiais dos esquisitos personagens para chamar o público que pode preferir ver os esquisitos personagens reais de “A Fazenda 6”. O primeiro capítulo deu 27 pontos de média segundo a prévia contra 6 de Record e SBT.

No entanto, Dias Gomes (que ganhou homenagem como o santo padroeiro da cidade) deve estar se revirando no túmulo.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Não sabemos para onde estamos indo

Depois da esperança, a euforia e da incerteza, agora o medo toma conta das discussões sobre os atos realizados em todo o país.

"Não sabemos para onde estamos indo. Só sabemos que a história nos trouxe até este ponto e - se os leitores partilham da tese desse livro - por quê. Contudo, uma coisa é clara. Se a humanidade quer ter um futuro reconhecível, não pode ser pelo prolongamento do passado ou do presente. Se tentarmos construir o terceiro milênio nessa base, vamos fracassar. E o preço do fracasso, ou seja, a alternativa para uma mudança da sociedade, é a escuridão." (Eric Hobsbawm)

Ao ler cada vez mais depoimentos e textos (como este que mexeu com os brios de quem leu: https://medium.com/primavera-brasileira/dfa6bc73bd8a), as manifestações no país chegaram a um ponto que não se sabe o que está realmente acontecendo. A imprensa apoiando, casos estranhos de invasões, depredações, prédio da FIESP envolto na bandeira nacional, violência, mortes, enfim... São elementos que nos fazem remeter a outros golpes (não somente militar) que o Brasil sofreu. E de ficarmos atentos.


A discussão política esvaziou-se no momento em que não há uma pauta definida. O Movimento Passe Livre sempre defendeu a bandeira de que a luta era pela redução e extinção da tarifa de transporte público. O povo (a “massa”) foi aderindo, aderindo... Até que aqueles que repudiavam essa ideia (afinal a primeira manifestação reuniu duas mil pessoas) por ser apoiada por partidos de militância esquerda, hoje pedem para baixar bandeiras, etc. Pegam o bonde andando e ainda querem ter mais direitos do que quem realmente sempre lutou por isso. A ilustração acima resume tudo isso.

Veja bem: não critico a adesão de ninguém ao “movimento”. Rico, pobre, preto, branco, homem, mulher, gay, etc podem e devem envolver-se nesse tipo de questão. Mas é necessário um norte, uma direção para que não haja o esvaziamento ou ainda, o medo de algo pior. Movimentos radicais vêm se formado e isso é um perigo enorme. Os argumentos de “contra a corrupção”, “por mais saúde e educação” são válidos. Mas se dizer apartidário é, sim, uma bobagem. Como falaram aos montes, é suprapartidário. Dizer-se “apartidário” é oportunismo puro. Burrice. Daí aparece os pedidos imbecis de impeachment (se Dilma sai, Michel Temer assume. E aí?), fora “PT”, bandeiras queimadas, etc, sendo que o problema não foi resolvido desde muito tempo. Isso só confirma um fato: brasileiro tem memória curta. O historiador Eric Hobsbawm, no livro “Era dos Extremos”, já dizia que “a memória histórica já não estava viva”. É o que se aplica hoje ao acusar apenas uma pessoa ou um partido/movimento/direção política.

Ficou mais do que claro que as reformas polícias baseadas em transferência de renda chegaram a um esgotamento. De nada adianta agradar empresários e pobres, se quem está no meio é quem realmente sofre. Deu certo, é claro.  O país melhorou, pessoas saíram da miséria (mas ainda morrem de fome) e o mundo abriu os olhos pra cá. Não foi o suficiente. Existem coisas principais e mais graves, urgentes. O governo sentiu e já convocou reunião ministerial. Eles estão, sim, com medo. Todos. Direita, esquerda, verdes, todos.


Ainda acho e acredito que a única luta deveria ser pela educação. É utópico, mas é aí que está a raiz de todos os problemas. Essa é a minha luta e meu desejo de melhora. E o seu?

quarta-feira, 19 de junho de 2013

#vemprarua 2

Os protestos no país tem desencadeado uma onda de revolta – em quem está nas ruas e em quem está fora delas.

Vejo muitas pessoas, contrárias ou não à causa – se é que existe alguma definida – que condenam o fato de que muitas pessoas estão saindo às ruas e postando fotos, depoimentos e os (irritantes) check-ins no “feice”. Oportunistas sempre existirão. Seja para depredar, saquear ou só pra postar uma atualização de status #ogiganteacordou seguida de uma foto na Paulista.

Alguns outros coitados, que não conhecem história, mal sabem que aquela bandeira projetada no prédio da FIESP soa como uma afronta, das mais nojentas: a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e seus empresários se deleitavam com as sessões de tortura no regime militar. Uma pena, pois a imagem é linda e não nego: tirei fotos.

Bonitinho, mas ordinário: prédio da FIESP envolto na
bandeira é o retrato da hipocrisia
O movimento se diz apartidário. Mas o que dizer dos gritos de impeachment para Dilma e Alckmin? A horda canda a plenos pulmões, mas será que sabem o quão importante significa isso? Será que realmente é caso de impeachment? A bem da verdade os dois não cometeram (ao que se sabe) nenhuma atrocidade a ponto de descambar essa revolta. Por outro lado, a insatisfação tem que ser jogada em alguém. Quem está acima paga o pato.

Com relação ao prefeito Fernando Haddad, a insatisfação é maior pois ele prometeu o “novo” muito recentemente. Milhões depositaram suas confianças transformadas em votos nele. Ao contrário de Lula que fez boas – mas não suficientes e nem importantes – mudanças no país. Quando saiu, o mensalão voltou à pauta e o resto todos nós sabemos. O grande problema do PT (seria um “novo” PT?) é a disparidade entre a esperança e confiança depositados e o saldo final. Não corresponde.

Se lermos um pouco de história, não adianta culpar os três representantes aí. A bomba estourou no momento mais oportuno: a chegada de grandes eventos esportivos no país. O todo-poderoso da FIFA, Joseph Blatter disse que o povo se esqueceria de tudo quando a bola rolasse. Isso antes, quando o futebol ainda era o ópio do povo e a seleção jogava bem.


Mas é impossível descrever a felicidade ao ver a Avenida Paulista, palco de festas em comemorações a títulos, ser tomada por algo muito mais importante que o futebol: o desejo de fazer um país melhor por meio da política e do povo.

terça-feira, 18 de junho de 2013

#vemprarua

Foram 12,9 km percorridos. Do Largo da Batata ao Palácio e depois até a Av. Francisco Morato.

Foi emocionante. Hino cantado, gritos de ordem feito piada, alegria, energia. As vias da cidade foram tomadas por uma horda enérgica, viva.

Gente de todos os tipos. O #vemprarua tomou o povo. E, olha, não foi por causa do futebol.

Não, Blatter, não vamos ignorar o que está acontecendo por causa da bola. #ogiganteacordou

Talvez tenha sido a primeira vez da maioria que estava lá. E a primeira vez a gente nunca esquece.

O Brasil está se rendendo. Jornalistas se rendendo. Quem diria, emissoras se rendendo. Mas a principal mídia hoje é, indiscutivelmente, o Facebook. Não me conformo como ainda tem gente que não admite isso.

Ver idosos e crianças, que raramente usam transporte público, mostra que esse é apenas um dos problemas. Idosos querem um Brasil melhor para seus netos. Jovens querem um futuro melhor.

Foram 230 mil pessoas em várias cidades. Brasília teve o Congresso Nacional invadido. O Rio levou 100 mil pessoas. São Paulo deu uma lição de protesto pacífico, uma coisa linda de se ver. E duvido que em SP tenham sido "só" 65 mil. O gif acima exemplifica isso.

Ontem em SP foi a desmoralização do aparato policial da cidade e do estado. O canto era: "que coincidência: não tem PM, não tem violência!".

Sobre o incidente no Palácio dos Bandeirantes, quem me garante que quem iniciou tudo foram pessoas infiltradas? Afinal, foto e vídeo de fogo chama mais a atenção.

Evidente que cada um ali está reivindicando algo. É muito disperso, não há uma unidade. O que é ótimo, visto que não há unidade política nesse país. Como muito bem disse o amigo Thassio Borges, "as pessoas ainda não sabem o que querem, mas já descobriram o que não querem". Li muitas opiniões, em vários jornais, mas nenhuma explica a situação atual como essa.

Como li por aí, quem não está na rua, quem está omisso, quem não diz nada, está perdendo o trem da história. As pessoas estão fazendo parte da história. E quem ainda acha uma bobagem, ainda é tempo: #vemprarua !

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Eu acredito é na rapaziada!

É complicado escrever, sendo que já escreveram aos montes. Às vezes é falar mais do mesmo. A maioria tem a mesma opinião. Há muito tempo não se via algo desse tipo no país. Há muito tempo não se via tanta gente mobilizada, seja pelo corpo presente, seja pela internet. E sim, as coisas estão mudando.

Ver Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo num dia incitando a violência e “máximo rigor” da PM em seus editoriais e no mesmo dia ter vários de seus repórteres atingidos é catártico. No dia seguinte, o discurso muda e as manchetes são inundadas por reações contrárias à PM. Catártico. A imprensa já muda o discurso, em todos os lugares. Estão lá, todos os conglomerados de mídia que apoiavam não só o momento atual, mas coisas que vem desde a ditadura. E hoje, é o que vemos nas capas de jornais e sites.

E é impressionante as pessoas que ainda acham que tudo o que está acontecendo é por causa de vinte centavos. Como já disse, os 0,20 são uma máscara para esconder outros problemas tão graves quanto o transporte público. Pior ainda quem culpa o Tiririca pela “burrice” do povo em escolher mal seus governantes. Tudo o que está acontecendo é justamente para mostra que tem que haver mudanças, em todos os setores: educação, transporte, saúde... E, aí sim, seremos mais inteligentes para qualquer coisa, não só para votar. O momento não deve ser mais de manifestação e sim de revolução, como vi em um dos vários depoimentos e opiniões sobre o caso.

A PM mostrou ontem sua verdadeira face: truculenta, desesperada, despreparada e, comportando-se como filhotes da ditadura, mostraram como se faz democracia. É repugnante ver os vídeos dos manifestantes gritando “sem violência!” e ver um dos paus-mandados do governo estadual mandando bala de borracha à esmo. É nojento ver o PM quebrando o vidro da própria viatura para sabe-se lá o que. É triste ver pessoas que nada tem a ver com a manifestação levarem tiros de borracha e se intoxicarem com gás. E eu, como profissional de comunicação, é de chorar ver os jornalistas e fotógrafos que talvez nem lá queriam estar, mas estavam no fogo cruzado e saíram feridos. Feridos física e moralmente.


Enquanto isso, reescrevo um trecho que li num dos melhores textos sobre o caso. A parte que fala sobre como a Copa do Mundo e várias outras coisas estão interferindo na sociedade, impostas como um padrão e de qual a imagem que esse país quer mostra para o mundo é brilhante. E finaliza: Aqueles que vão para a frente do computador defender a repressão e carimbar, com seu carimbo interminável de rótulos, os manifestantes, não merecem preocupação: estão apenas perdendo o trem da história. (fonte: http://impedimento.org/milhares-ja-escolheram-sapatos-que-nao-vao-apertar/)

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Um erro

fotomontagem Rolet20conto
Retiro (quase) tudo o que está dito na postagem que vem logo depois desta.

Mantenho o texto pois já está publicado. Lido por não sei quem. Mas publicado.

No mesmo espaço que uso para falar o que penso, quero usá-lo para falar que mudei o que pensava.

Não é uma "juventude imbecil e inconsequente". Temos, claro, os laranjas podres. Como em qualquer organização. Nesse texto, o outro lado da manifestação: http://papodehomem.com.br/o-protesto-que-eu-nao-vi-pela-tv/

Talvez não seja um "bando" de estudantes.

Mas ainda acho que quem não mostra a cara, algo de errado está fazendo.

E sim, a tarifa é alta. Os vinte centavos (ou dez para estudantes que pagam meia) de aumento soam como uma afronta ao serviço que é prestado. A palavra é: aumento. Esse é o problema, e não necessariamente o valor. Não só em São Paulo, mas em várias outras capitais.

Os vinte centavos são máscara que esconde outros problemas: corrupção, abusos de poder, desvios, má educação oferecida nas escolas, serviços de saúde ineficientes, violência, etc.

Não, não é uma minoria, apesar de ter (infelizmente) alguns "burgueses revolucionários" e "pobres arruaceiros".

Que esses protestos desencadeiem mais uma serie de outras manifestações em prol de outros temas.

A "baderninha" se tornou algo muito maior que isso. Ganhou até repercussão internacional: http://internacional.elpais.com/internacional/2013/06/12/actualidad/1371000636_370579.html

Protesto, via de regra, não tem regra.

A sociedade tem pago caro com os protestos. Mas, é o preço.

Talvez melhore. Talvez não.

Talvez faça valer o ditado "há males que vem para o bem". Talvez não.

Ainda acho que o "discursinho revolucionário anarquista" cansa.

Mas passei a achar - sim, depois de assistir todos os protestos, todos os lados (o que a mídia quer mostrar e o outro lado que - ainda bem - conseguimos ver pela internet) ao "Profissão Repórter" de ontem - que a situação é muito pior do que o ônibus que pego aqui na zona norte e vou ao centro.

Ou então a situação é muito pior do que o trânsito que você invariavelmente pega (com protesto ou não) confortável em seu ar-condicionado e vidros fechados protegidos por insulfilm (ou blindados), parados, sem produtividade alguma e reféns, veja só, de uma polícia truculenta e ineficiente, por vezes mais suspeita que a própria bandidagem. Inclusive nessas manifestações.

Enfim, não é um pedido de desculpas. Tampouco retratação, pois acredito que não tenha ofendido ninguém. Aliás, é preciso tomar cuidado pois qualquer coisa hoje pode ser ofensa.

Não é falta de convicção. Aliás, as convicções são quadradas.

Assim como são quadradas as pessoas que acham que "a polícia deve descer chumbo nesse bando de vagabundos".

Tomara que a situação mude para melhor e que os "vagabundos" de hoje se tornem um exemplo (ou algo assim) de mudança de amanhã.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Mexeu no bolso, o bicho pega

O aumento na tarifa de ônibus paulistana em 20 centavos desencadeia uma série de protestos...

foto: Thiago Queiros/Estadão
...protestos de uma juventude imbecil e inconsequente. As imagens mostram uma Avenida Paulista destruída – claro, parte por culpa da ineficiência e truculência da polícia militar – por “estudantes” que se dizem contra o aumento de 0,20 na passagem de ônibus. A “revolta” não passa de um bando de estudantes que muito provavelmente tem a condução (e mensalidade da faculdade) paga pelos pais. Muito provavelmente estudantes que pagam o olho da cara em festas e baladas. Muito provavelmente são estudantes que, àvidos por uma baderna, se jogam em qualquer manifestação, legitimando-a como justa e por uma boa causa. Mas manifestante que não mostra a cara – como os vários que usaram máscara para se esconder – só mostra que tem vergonha do que faz. E sabe que está errado.

Sabemos que sim, o aumento é um abuso, afinal subiu muito mais que a inflação no período. Sabemos que o serviço prestado não é lá grande coisa, e o problema acaba se estendendo não somente para o transporte público (ônibus/metrô/trem), mas para toda a mobilidade urbana (vias, avenidas). Sabemos que os salários não aumentaram na mesma proporção. Sabemos que a polícia é truculenta e é bem provável que tenham feito boa parte dos estragos. Mas nada disso legitima um protesto por 0,20. Sim, pode fazer falta para quem realmente precisa e mora nas periferias. Gente que mora na periferia, mas ainda assim compra tênis de quase mil reais e não reclama por isso. Estudantes que pagam meia tarifa, o que na prática resulta em um aumento de dez centavos. 

Manifestações truculentas podem garantir alguma mudança? Não. É só ver as diversas que ocorreram na Primavera Árabe. Muito barulho e poucos resultados. A diferença é que lá, sim, é por algo decente: a má política praticada naqueles países. Vejamos: no Chile, há um tempo atrás, manifestantes entraram em confronto com a polícia protestando por melhoras na educação. Veja bem, na educação. Ninguém aqui se mexe para protestar contra a má educação oferecida nas universidades públicas e mais ainda nas particulares. Mas quando mexe no bolso... Aí o bicho pega.

Acho que tudo não passa de uma minoria que se acha prejudicada e no direito de “parar” a cidade, mas uma minoria não só com o tipo “burguês revolucionário”, tão presente hoje em dia nas universidades. Mas do pobre anarquista e arruaceiro que adora uma baderna. Aliás, está virando moda: tudo vira protesto: a favor da família, contra o aborto, contra o aumento da passagem... Mas contra a corrupção, contra os maus serviços prestados em diversas áreas da sociedade, nada. Quando mexe no bolso, o bicho pega.

No fim do ano passado, em Portugal, uma manifestação de alguns milhares foi marcada por algo impensável em um protesto: o silêncio dos manifestantes. Contra o aumento dos impostos, contra os cortes nos salários e contra o desemprego, numa crise que atinge toda a Europa. Tudo no mais absoluto silêncio. Talvez não tenha adiantado. Mas ficou muito mais marcada do que qualquer “baderninha” causada por estudantes “revolucionários”.


Esse discurso “revolucionário anarquista” cansa.

terça-feira, 28 de maio de 2013

“A Menina sem Qualidades” e o sopro de renovação da MTV

Nova aposta da MTV, “A Menina sem Qualidades” é uma luz ao que a dramaturgia brasileira pode oferecer.

E quem diria que, numa MTV em crise financeira e criativa (já que suas maiores estrelas se espalharam por aí), apareceu uma das melhores produções seriadas já vistas na tv aberta? “A Menina sem Qualidades” tem qualidades que vão desde a menina do título, Ana, vivida por Bianca Comparato (a Betânia de “Avenida Brasil”), passando pela trilha sonora e pelo restante do elenco.

Foi uma opção arriscada – e um tanto errada – da MTV em exibir primeiro o making-of e depois 30 minutos ininterruptos da trilha sonora com um relógio em contagem regressiva na tela. Deveria ser o contrário, pois quem zapeava pela tv poderia achar que era um problema ou que realmente a MTV estava “mal das pernas” por não exibir absolutamente nada. A serie era anunciada para as 23h e a MTV seguiu a cartilha da tv brasileira ao adiar um programa por mais um tempo para – supostamente – segurar a audiência. Mas foi uma escolha corajosa mostrar os bastidores antes de uma produção. Um aquecimento, minado pelos 30 minutos ditos acima.

A historia gira em torno de Ana (Bianca Comparato), uma garota de 16 anos, retraída, tímida e que acaba de chegar a um novo colégio de classe média alta. Lá conhece Alex (Rodrigo Pandolfo), um estudante popular, mas manipulador e acha que a vida é um grande jogo. Junto com o professor Tristán (Javier Drolas), os dois embarcam – ela, por estar apaixonada e Alex por pura diversão – num jogo psicológico com o professor e a situação foge do controle. É um universo dos jovens de hoje, presos em celulares e computadores, com dilemas e problemas que podem causar sérias e tristes sequelas.

Adaptação de um romance alemão que já ganhou versão para o teatro e um futuro filme, “A Menina sem Qualidades” é dirigida por Felipe Hirsch, conhecido diretor de teatro. Apesar de a MTV divulgar que esta é a sua primeira minissérie, a emissora já tinha apostado no formato (“Descolados”, 2009) em parceria com a Mixer. Desta vez, é uma parceria com os Estúdios Quanta.

A serie surpreende por tocar em assuntos vistos com receio em outras produções. Devemos considerar que a MTV é feita para um público segmentado, diferente daquele (mal) acostumado com sitcoms e novelas meia boca que vimos por aí. A história é forte, põe o dedo na ferida de uma geração que tem jovens que passam pelos mesmos problemas e nem de longe – mas a séculos de distância – de “Malhação” que, por teoria, deveria tratar dos mesmos temas (guardadas as devidas proporções de horários).

Bianca Comparato, com 27 anos, passa por uma menina frágil tranquilamente. O recato da garota imprimido na atuação da atriz confere uma sensibilidade sem igual àquela frágil figura. A fotografia é cinza, pastel, melancólica como a personagem. Não há grandes surtos de criatividade em enquadramentos ou iluminação, mas a serie mantém a linguagem já manjada da câmera na mão e longos takes contemplativos aliados a uma trilha sonora incrível. Mas é competente. O que foi visto no making-of é brilhante.

A espera de uma hora (making-of + trilha sonora) compensou os 25 minutos de arte da serie. A história é tocante, o ritmo imprimido pela direção nos faz fixar os olhos na tela e nos faz ficar ávidos por mais episódios. Não lembro de ter visto algo do tipo na tv aberta. Infelizmente – ou felizmente – caberá à MTV seguir essa linha, já que outras series estão programadas.

Demorará muito para que as grandes emissoras “abram a cabeça” para exibir séries desse tipo.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Afinal, quem quer ser o presidente da república?

A disputa eleitoral para a presidência em 2014 ganha contornos cada vez mais indefinidos

Cada um se arma como pode e no meio de tudo isso a indefinição de vários nomes é pauta de todas as seções de política de sites, jornais e revistas. O tucano Aécio Neves, recém empossado presidente do PSDB, já aparece em propagandas “convocando” o povo brasileiro a fomentar “opiniões” e contribuir com o partido. Uma máscara para angariar eleitores. Afinal, é mais do que sabido que Aécio – o prodigioso ex-governador de Minas Gerais – será o candidato tucano à presidência. José Serra, aquele que perdeu inúmeras disputas, segue no limbo, sem definição alguma: Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, disse que Serrá “não ficará de fora da disputa em 2014”. Só não sabe se como presidente (o que é uma balela), senador ou na pior das hipóteses, uma derradeira cadeira na Câmara dos Deputados. Ou ainda, sair do partido que o alçou aos holofotes da política nacional e partir para algum dos inúmeros partidos criados recentemente.

A oposição, como podemos ver, é fraca, desunida (“deixa o Serra pra lá”) e confusa. Não há um programa que consiga fazer frente à ideologia situacionista. No PSDB, temos uma aliança prodigiosa: FHC e o senador Aloysio Nunes apoiam Aécio Neves, com Alckmin fazendo coro. Aqui, sim, uma união. Se colherá frutos, impossível dizer. O PSDB parte para o ataque com a mesma bandeira social que consagrou o PT quando este chegou ao poder. A entrevista de Aécio Neves à IstoÉ deixou claro que é a intenção tucana aproximar-se das camadas mais pobres da população e quer desmanchar a imagem de partido “elitista”.

Enquanto isso, a situação aparece tão desunida quanto a oposição. PT e PMDB, partido da presidente Dilma e do vice Michel Temer, cada vez mais batem de frente em várias disputas: a MP dos Portos é um exemplo recente. O PMDB, um partido que nada conforme a corrente, se mostra contrário à várias opções do PT de Dilma, causando um desgaste cada vez maior num ano que precede a disputa eleitoral. E a tendência é piorar.

Outro partido da base aliada, o PSB de Eduardo Campos já avisou: vai entrar na disputa presidencial. O governador de Pernambuco já avisou aos aliados: “o PT e o governo tentam evitar minha candidatura”. Dentro do partido, o nome de Campos não é unanimidade. Alguns governadores já declaram apoio à reeleição de Dilma.

Os três principais candidatos – ou supostos candidatos – já lançaram mão de ações na tv, com comerciais exaltando os feitos na gestão (Eduardo Campos), comemorando os dez anos do partido no poder (Dilma, com o apoio do inseparável Lula) e da “novidade” (Aécio como presidente do PSDB). Porém, o noticiário não deixa dúvidas: é a dança das cadeiras, em que todos podem cair no chão. 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

"Dona Xepa" estreia com 9 pontos e tranquiliza Record


A estreia de "Dona Xepa" na Record mostra que a emissora está no caminho certo – mas tem coisas que só o “estilo Record de fazer novelas” pode proporcionar.

A história da feirante que faz de tudo pelos filhos já teve três versões: a peça de teatro original de Pedro Bloch, um filme em 1959, a primeira versão da novela em 1977 na Globo (escrita por Gilberto Braga) e, agora, a quarta versão pela Record. Não é um remake da novela global e sim uma nova versão, inspirada na peça de teatro. A emissora não economizou nas propagandas (com uma divulgação impagável de Marcelo Rezende no policialesco Cidade Alerta:. http://www.youtube.com/watch?v=bnlyBK-0ta0). Depois do fiasco “Máscaras”, “Balacobaco” tinha a missão de fazer voltar os dois dígitos de média. Não conseguiu – terminou com uma média de 7 pontos. “Dona Xepa” tem essa dura missão de voltar pelo menos próximo aos 12 pontos de “Vidas em Jogo”.

Ângela Leal, além do nome da personagem-título, carrega a novela – e a feira – nas costas. a Dona Xepa garante boas risadas com um sotaque que parece feito para a atriz. Dá pena ver uma atriz como esta contracenando com atores tão fracos. Aliás, muitos dos que estão lá vieram da Rede Globo. E parece que desaprenderam tudo...

A produção, ainda que popular, não é popularesca como “Balacobaco”. A Record mantém a ousadia de deixar uma novela com os dois pés no humor num horário considerado tarde para este tipo de produção. O que é ótimo, é uma opção a mais para combater à "nova-velha" grade da Rede Globo no horário.

Ainda assim, “Dona Xepa” tem exageros típicos das novelas da emissora: trilhas sonoras e incidentais mal escolhidas ou mal colocadas em cenas aleatórias (quando Robertha Portella, interpretando Dafne, a mulher-fruta, toca a música "Mulher Brasileira": mais clichê, impossível), slow motion em sequências que seria totalmente dispensável (parece que é para ganhar tempo), atores carregando nos exageros (Luiza Thomé interpretando Meg Pantaleão está num tom muito acima e Márcio Kieling avacalha na canastrice), atores que saíram de “Malhação” (mas a “Malhação não saiu deles): Bia Montez, Giuseppe Oristânio e o próprio Márcio Kieling. Do núcleo principal, Thaís Fersoza (Rosália, a filha ambiciosa) se garante muito bem, ao contrário de um inexperiente Arthur Aguiar (o filho estudioso, mas que tem vergonha da mãe por ela ser feirante, assim como Rosália).

“Dona Xepa” é uma aposta da Record em novelas com número reduzido de capítulos, o que é uma surpresa vindo da emissora. Enquanto algumas se arrastam por mais de um ano até, esta tem a missão de fechar com 90 capítulos, aproximadamente. Mas o autor Gustavo Reiz já disse que, dependendo da audiência, pode ser “espichada”. Ivan Zettel, experiente diretor de tv, assina a direção geral da novela, que consegue se sair bem. Divertida, popular (mas não popularesca), bem feita (fotografia sem maiores elogios, é competente), “Dona Xepa” tem tudo para agradar um público que prefere um tipo mais leve de telenovela. É uma melhora em relação à “Balacobaco”, mas ainda não chega aos níveis de “Cidadão Brasileiro”, uma das melhores produções da Record – que Zettel dirigiu, aliás.

Torcer para que a emissora não brinque com o horário. A prova é que “Balacobaco” não sofreu desse mal e aumentou os números de audiência. "Dona Xepa" estreou com 9 pontos de média e 10 de pico, o que é um avanço. Mas 7 pontos de média geral (como "Balacobaco") ainda não é o bastante para uma emissora que se diz “tv de primeira”.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

"Amor à Vida" mostra São Paulo do jeito que ela é. E consegue


Enquanto “Salve Jorge” se arrastou por sete meses sem grandes reviravoltas, a estreia de “Amor à Vida” trouxe, em pouco mais de uma hora e meia, muito mais do que a turma de Gloria Perez.

O começo acima pode parecer exagerado, mas ficou próximo disso. A estreia de Walcyr Carrasco no horário das 9 começou muito bem. O primeiro capítulo mostrou-se ágil, bem dirigido, com trilha e fotografia voltando aos bons tempos de “Avenida Brasil” e abandonados em “Salve Jorge”. As características de Walcyr Carrasco estão lá: um vilão marcante (Félix – interpretado por Mateus Solano – já mostrou a que veio e muito me lembrou as vilanias e ironias de Cristina – Flávia Alessandra em “Alma Gêmea”, claro que cada um à sua época. Outros, mais saudosistas, dizem que Félix é uma versão de Carminha de “Avenida Brasil”. Não por acaso, Félix é bissexual e mostrou um arsenal de frases de efeito), uma história carregada no drama: Paloma (Paolla Oliveira) é inconsequente, sofredora, abandona a família, é rejeitada pela mãe, tem um irmão invejoso, tem um parto num local imundo, etc, etc, etc e um núcleo de humor em torno de uma família (como não lembrar das famílias de “Chocolate com Pimenta” e “O Cravo e a Rosa”?).

Destaco duas cenas de um capítulo longo: vagando por São Paulo, Ninho (que veio para o Brasil com a ajuda de Félix depois de ser preso por tráfico) e Paloma discutem em um bar, numa das melhores fotografias da novela. Ele vai embora e Paloma tem a filha que espera dele num banheiro imundo, num parto realizado com a ajuda de Márcia (Elisabeth Savalla). Aliás, Paloma escondeu da família que estava grávida, mesmo vivendo sob o mesmo teto. Um tanto fantasioso. No hospital San Magno, onde boa parte da trama vai se passar, a cena do parto e morte de Luana (Gabriela Duarte) foi emocionante, com trilha na medida e muito bem gravada. Além disso, as cenas em Machu Picchu no início da novela também foram bem tratadas, com o conflito se estabelecendo logo nos primeiros minutos: a mãe (Pilar, Suzana Vieira) rejeita a filha, o pai (César, Antonio Fagundes) apoia a filha e causa inveja em Félix, que quer tirá-la do caminho a todo custo e Edith (Bárbara Paz), a esposa complacente com Félix.


A fotografia de “Amor à Vida” é limpa, sem exageros, mas há o retorno de uma câmera na mão constante, ágil, nervosa. Esqueçam as grandes tomadas de paisagens e coisas convencionais. É uma fotografia moderna, com estilo (sim, com um pé nos filmes e seriados). A trilha, que vai desde a música “Maravida”, de Gonzaguinha interpretada toscamente por Daniel na abertura até Charlie Brown Jr, reflete uma São Paulo pouco vista antes na tv: do jeito que ela é. Junto à fotografia e direção de arte, a cidade é mostrada sem exageros ou caricaturas: ali estão os bares e botecos sujos, as prostitutas da Augusta, o centro vazio mas ao mesmo tempo belo, as luzes de neon nos bares... Nada de “cidade cinzenta” ou “contemporânea” e “urbana” (como visto em “Sangue Bom, a das 7). Em “Amor à Vida”, São Paulo se materializa na tela. Outro recurso interessante foi o uso de uma câmera acoplada a Juliano Cazarré quando o personagem Ninho está no aeroporto. O enquadramento permitiu captar todo o nervosismo do personagem.
Do elenco, Suzana Vieira e sua Pilar são mais do mesmo que a atriz já fez na tv: uma mulher rica e impiedosa – lembra a Branca de “Por Amor”. Mateus Solano (Félix) consegue provocar ódio (como quando abandona a filha de Paloma no lixo) e riso (ao filho, Jonatan: “Meu dia está lotado para criança! Se quiser, agenda!” ou à esposa: “Eu salguei a Santa Ceia, só pode ser!” ou à tia: “Tá chamando seu irmão de touro, vão achar que você é a vaca!” ou pior, quando chega no bar que Paloma teve a filha: “Brega!”). No mais, nada de mais. Antonio Fagundes, Malvino Salvador, Juliano Cazarré, Bárbara Paz e Paola Oliveira não comprometem, mas não se destacam. O primeiro capítulo ficou inteiramente focado nesse núcleo, com apenas uma cena da família de Bruno. Uma família grande e tipicamente paulistana: Eliane Giardini volta a viver uma matriarca (Ordália, que lembra um pouco a Muricy de “Avenida Brasil, mas bem mais branda), e o pai de Bruno, Fulvio Stefanini (Denizard), que carrega no sotaque paulista, meu!


Walcyr Carrasco ainda mantém características no seu texto que incomodam: às vezes são explicativos demais ou às vezes o recurso de “falar o pensamento” não se faz mais necessário, quando Bruno encontra a criança abandonada por Félix no lixo e exclana: “Deus me deu uma nova chance!”, forçando a barra. Mas a direção de Wolf Maya é competente, dinâmica: as passagens de tempo foram implícitas pelas cenas (quando mostrou Paloma grávida, ora experimentando roupas, ora fazendo ultrassom), a fotografia e a trilha são um grande acerto e a trama é verossímil numa história que não tem essa pretensão  Ao contrário de “Salve Jorge” que pedia uma trama realista (morro do Alemão e tráfico de pessoas), mas totalmente mal concebida.

“Amor à Vida” estreou com 35 pontos (não consolidados) e repete a estreia de “Salve Jorge”, mas ainda inferior a “Avenida Brasil” (37) e “Fina Estampa” (41). O nome pode remeter a qualquer novela tosca do Manoel Carlos. Mas Carrasco coloca todo o arsenal que consagrou suas novelas (só às 6, pois as das 7 foram bem fracas) e aliada à direção de Wolf Maya, “Amor à Vida” tem tudo para agradar. Menos a abertura, que apesar de contar com o desenhista americano Ryan Woodward (de “Os Vingadores”), é toscamente interpretada por Daniel, mesmo que tenha tudo a ver com o título (De amar, e amar e amar... Vida, vida, vida). 

domingo, 19 de maio de 2013

É preciso uma virada na Virada Cultural


As mortes e arrastões na Virada Cultural só mostram que a cidade de São Paulo ainda não está preparada para um evento desse porte. Ou então chegou a hora de rever o que deve ser entendido por uma Virada Cultural.

Obviamente, é importante frisar: são fatos isolados. Mas a cada ano crescem os relatos de quem viu arrastões, brigas, etc. As mortes e feridos constatados são poucos diante dos inúmeros roubos que acontecem em vários locais. Há ainda aqueles cidadãos que nem boletim de ocorrência fazem, diante da inércia da polícia e da falta de paciência em realizar um processo tão burocrático – e que não resolverá nada, só vai virar estatística. Discussões partidárias, como a Folha de S. Paulo quer fazer, não cabem aqui.

Já fui no evento em 2009, quando a virada estava em sua 5ª edição. Não vi nada de anormal, nenhuma briga, muito menos arrastão. Aliás, foi um dos eventos mais legais que já fui. De lá pra cá muita coisa mudou, principalmente a frequência de público. Não há como negar: a visibilidade aumenta, um prato cheio para pessoas que não estão ali para ver uma atração.

É preciso rever o conceito da Virada Cultural, aparentemente esgotado. É preciso descentralizar. É preciso rever o conceito de cultura, até porque ter como atração Rita Cadillac não me parece algo “cultural” (mas “cultura” é algo para todos, tem quem goste: lá vem a bandeira do politicamente correto contra o preconceito). A cidade de São Paulo é muito grande e tem muitos espaços para eventos. A concentração das atrações no centro é prejudicial, pois a concentração de público e o risco são maiores. Logisticamente, é muito mais fácil: opções de transporte público não faltam e é muito mais barato aglutinar toda uma estrutura (palcos, iluminação, segurança) em uma única região. As outras regiões ficam restritas a SESCs (com atrações muito mais qualificadas). E só. E o Anhembi? E o Ibirapuera?

É preciso, acima de tudo, que o cidadão paulistano faça valer todos os impostos pagos. Afinal, a ilusão de que o evento é “gratuito” é fácil de ser vendida: grandes cantores, “de graça”. Balela. Tudo ali foi tirado do nosso bolso. Ainda assim, os grandes cantores e as peças teatrais, danças, e artes que ali se apresentam não merecem ter seu nome vinculado a um evento desorganizado e perigoso.

É um direito nosso exigir mais qualidade – de atrações e segurança – de um evento que propõe levar cultura a cada vez mais pessoas.

sábado, 18 de maio de 2013

#VazaJorge

O fim de “Salve Jorge” foi coerente: incoerente do começo ao fim. Os erros – que de tantos, merecem um texto para cada um – sobrepujaram-se à história proposta por Gloria Perez. O “voo” que ela tanto pediu não causou nem um princípio de decolagem.

O último capítulo teve todos os desfechos possíveis e imagináveis, sempre calcados nos erros de produção, questionável direção musical e erros de direção. Algumas coisas foram, boas: o strip-tease de Cláudia Raia, mostrando porque ainda é uma das mais belas atrizes desse país, além de toda desenvoltura ganha em inúmeros musicais estrelados por ela. O desfecho de Wanda foi hilário: virou evangélica na cadeia – lembram-se que no começo da novela os evangélicos “boicotaram” a novela? E só.

O resto foi um festival de confirmações que se arrastavam há sete meses: Giovanna Antonelli e “Donaelô” foi a verdadeira protagonista, a Morena de Nanda Costa foi insuportável, assim como o Theo de Rodrigo Lombardi, e por aí vai. Ah, claro, não podemos esquecer Thammy Gretchen, “achada” numa reta final e Maria Vanúbia (Roberta Rodrigues), que não foi bagunça  anovela inteira. Talvez a única personagem coerente disso que se pode chamar de “novela”.

O telespectador brasileiro foi mal acostumado com “Avenida Brasil”. A qualidade superior de produção e fotografia (totalmente baseada em produções de seriados americanos), a qualidade do texto de João Emanuel Carneiro (ágil, preciso, mas com algumas falhas, é verdade), a qualidade da direção de atores (não havia “canastrões” como Lívia Marine de Cláudia Raia) e a qualidade (e pouca quantidade, ante os 80 de “Salve Jorge”) do elenco fizeram com que o telespectador abrisse os olhos para ver que esse produto tem muito fôlego ainda. “Salve Jorge”, desastrosa, baixou todos esses níveis de qualidade a um nível impensável para uma produção da Rede Globo. Aqui uma galeria com alguns dos erros: http://televisao.uol.com.br/album/2013/05/13/relembre-alguns-erros-de-continuidade-de-salve-jorge.htm#fotoNav=3

“Amor à Vida”, de Walcyr Carrasco, marca a estreia deste no horário das 9. Autor de sucessos das 6 (“Chocolate com Pimenta, “Alma Gêmea”) e das 7 (“Sete Pecados”, “Caras e Bocas”), além do remake de "Gabriela" no ano passado, Carrasco tem tudo para reverter o quadro deixado pela turma da Turquia, do Alemão e de Gloria Perez. As imagens das chamadas já mostram uma novela ágil, com uma fotografia muito superior (mostrar imagens de cartão postal como em “Salve Jorge” é inútil. Coisas da década de 90), número reduzido de personagens (em torno de 40, assim como "Avenida Brasil") e história mais coerente, mas não menos “requentada”: irmão com ciúme da irmã, mãe possessiva, filha rebelde, homem e mulher encontram-se num acaso do destino, casal gay, etc.

“Salve Jorge” termina com a menor média geral entre todas as produções das 9, 34 pontos. Mas será eternamente lembrada pelo modo de como NÃO fazer uma produção audiovisual, seja ela filme, novela ou seriado. E, claro, pela zoação feita infinitamente nas redes sociais. Já "Amor à Vida" estreia ainda com a sombra de "Avenida Brasil".

Mas, depois de "Salve Jorge", o que vier é lucro.

*O título é a hashtag que ficou no topo dos tranding topics mundiais do twitter.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Os três patetas

Este que vos fala disse, em 13 de dezembro de 2012, quando o São Paulo ganhou a sub-Libertadores – mais conhecida como Copa Sul-Americana – que “2013 aponta um grande ano para o futebol brasileiro, especialmente o paulista. O trio de ferro paulista disputará a Libertadores (...). Prato cheio para quem gosta de futebol”.

Só não sabia que seria um grande ano pra o mal e um prato cheio de coisas ruins.




Mas, vejamos: o Corinthians foi eliminado com uma mão enorme do juiz, isso é fato. Porém, vejamos: o Boca foi superior. Marcou um gol lá, numa das piores atuações do Corinthians no ano e teve competência para marcar um aqui (um golaço do velho Riquelme), além do time de Carlos Bianchi (dono de 4 Libertadores, sendo 3 pelo Boca) ter neutralizado a partida. 

Mas, vejamos novamente: o mesmo time em 2005 participou de um dos piores escândalos do nosso futebol, envolvendo, veja só: a arbitragem. E ainda vejamos: os torcedores não admitem a derrota (jogando a culpa em um fator externo e sempre presente no futebol, para o bem e para o mal: a precariedade da arbitragem sul-americana) e não admitem a superioridade (pouca, é verdade) do Boca Juniors.

E, como cortesia, o São Paulo foi eliminado (por 4 a 1) pelo ótimo Atlético-MG, que foi o vice campeão brasileiro de 2012. Enquanto isso, o Boca amarga a 19ª posição do Campeonato Argentino, depois de 13 rodadas. Tiro trocado não dói.

Enfim, “soberanos” em tapar o sol com a peneira.

Agora, vamos ao futuro. Aos fatos vindouros. Opondo São Paulo e Corinthians para 2013, temos (veja bem: nada de 6-3-3, nada de glórias do passado. É uma projeção futura):

- Brasileirão: os dois times disputam. O Corinthians, claro, com um time muito melhor e mais bem organizado que o São Paulo);

- Recopa Sul-Americana: os campeões dos torneios sul-americanos de 2012 se enfrentam;

- Copa do Brasil x Copa Sul-Americana: o Corinthians disputa a primeira e o São Paulo a segunda por ser oatual campeão. As duas garantem vaga na Libertadores 2014, o que as coloca em pé de igualdade. Mas, são dois níveis: a primeira é a segunda competição nacional e a segunda, é a segunda competição internacional.

- Paulista x Copa Suruga Bank: o Corinthians disputa a final no próximo domingo e o São Paulo campeão da Sul-Americana vai ao Japão disputar contra o campeão japonês. Dois títulos que não valem acesso a nada. Mas, novamente, é um torneio internacional contra um regional.

- Audi Cup: um brinde (internacional) para o São Paulo.

São fatos. Lembrando, é o futuro. Nada de “soberano” e coisas do tipo, afinal título passado não traz novos. O fato é que os dois foram eliminados da principal competição no ano, na mesma fase e não cabem mais desculpas (ou é o Lúcio, ou é Rogério, ou é juiz, etc).

Como uma criança birrenta, a grande massa corintiana não aceita a derrota, justificando com a frase-pronta "não vivemos de títulos" e o quanto amam o time mais que os outros, e bla bla bla.

Ainda assim, muitos corintianos – no auge da “arrogância soberana” (que tanto criticam no São Paulo) vão continuar tapando o sol com a peneira.

P.S. 1: Esqueci do Palmeiras. Disputa a Série B do Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil. 
P.S. 2: QUACK!
P.S. 3: Quem ri por último, Riquelme.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Justificar o injustificável



Aquele que mais deu alegrias e vitórias ao clube e à torcida, hoje é o que sai de maneira quase melancólica, no alto de uma arrogância sem igual.

Rogério Ceni nos últimos dois anos só fez uma coisa de importante (tirando a Copa Sul-Americana): marcou o 100º gol em cima do Corinthians. Mas, espera: ele é um goleiro e como tal deveria cumprir melhor esta função. Que já cumpriu muito bem, aliás. Mas hoje é só história. Ao invés de ter se aposentado antes, abrindo espaço para novos goleiros, preferiu sair de cena humilhado. Poderia ter evitado, afinal depois de tantas conquistas, RC não merecia esse fim.

O preço é alto.

Por outro lado, aquele que não ganhou sequer um título – a Sul-Americana de 2012 não vale, já que nem em campo entrou -, Luís Fabiano (como que numa piada) não foi expulso e ainda marcou um gol! Quando o SPFC já perdia de 4x0.

Tarde demais.

O zagueiro Lúcio, este sim o grande responsável pela eliminação tricolor, continuará no time ganhando seu alto salário e com seu carro de luxo, exigências feitas por um zagueiro “ex-experiente” vindo da Europa.
Inexperiência.

E o mandatário whiskeiro, Juvenal Juvêncio, permanecerá imortal no trono tricolor. Soberano! Soberano?

Soberano.

E a torcida? Continuará com a falácia – tão arrogante quanto o goleiro – do 6-3-3 e “falta muito para os outros chegarem”. Não se pode levar ao pé da letra o verso do hino: “as tuas glórias vem do passado”. Uma idiotice, já que títulos passados só fazem números, não trazem novos.

Enquanto o torcedor fala, os outros ganham.

Isso sim é justificar o injustificável.

E como disse um amigo: “eu amo esse clube, não esse time”. Um clube, três cores, um esporte. E só.

O resto é conversa.