Não há como
negar: o Brasil, mesmo em tempos mais políticos – ou democráticos, como preferir
– é sim o país do futebol. E ainda há quem negue.
foto: Adriano Vizoni/Folhapress |
A vitória com direito a goleada por 3 a 0 diante da então poderosa Espanha parecia inimaginável. A super seleção
espanhola, que venceu 3 dos 4 títulos disputados em 5 anos (Euro 2008, Copa
2010 e Euro 2012), precisava apenas da Copa das Confederações para completar
essa galeria vitoriosa. Nem o mais otimista poderia pensar numa vitória
brasileira. E ela veio.
A equipe de
Felipão – prefiro evitar o termo “família Scolari”, passado é passado – é nova,
criada meio que às pressas e que evoluiu partida a partida. Depois de algumas
decepções, afinal a cobrança dos milhões de treinadores é grande, a seleção
brasileira mostrou em cinco jogos e cinco vitórias que é, agora, franca favorita
ao mundial, ao lado de Espanha e Alemanha. Neymar (que deixou o recado: é
craque e só tem a melhorar o que já é bom, o Barcelona), Fred (artilheiro nato)
e companhia provavelmente serão a base para 2014, com uma ou outra mudança.
foto: globoesporte.com/Agência AP |
Muitos
tentam desmerecer a seleção espanhola, o que é um engano gravíssimo. A equipe
do treinador Vicente del Bosque é poderosa, contando com estrelas do Barcelona:
Iniesta, David Villa, Xavi, entre outros do mesmo Barça e de outros times. É
uma geração vitoriosa. Dizer que jogaram mal é burrice. Dizer que entregaram é
pior ainda. Dizer que acabou a hegemonia, outro engano. O fato de terem perdido
para uma seleção brasileira até então desacreditada não desmerece esse plantel.
foto: Adriano Vizoni/Folhapress |
Mas pior
ainda, envolvidos pela onda de – justas – manifestações pelo país, desmerecer a
vitória do Brasil e todo o evento. É verdade que foram e serão gastos milhões
de reais. Mas é mais verdade ainda que nada disso tem a ver com aqueles
jogadores que estavam ali representando um país. Misturar as duas coisas, mesmo
que caminhem lado a lado, é um pensamento quadrado, reacionário e até infantil.
Não vou deixar de torcer pelo fato de políticos terem gastado milhões ali.
Futebol é
paixão? Não. Acho passional demais isso. Futebol é “só” esporte e como tal
merece toda atenção. É do esporte (não só do futebol) que brotam talentos,
alguns empenhados em construir uma imagem de um país melhor. É do esporte que
temos algum alento em tempos sombrios: tricampeão em 70, em plena ditadura; tetra
(94) e penta (2002) em momentos de indefinição política e agora campeão da Copa
das Confederações – ou das Manifestações. As manifestações não vão parar.
Passou o tempo de que o brasileiro fosse anestesiado pelo futebol. Os dois
podem – e devem – caminhar juntos, cada um a seu momento.
foto: globoesporte.com/Agência AP |
Diante de
tudo isso, em catarse pela vitória inesperada do Brasil, não tem como não
entoar a frase do ano: VEM PRA RUA!
P.S.: Depois de escrever esse texto, Felipão, em coletiva após a vitória, arrematou: "A nossa equipe hoje representa os anseios do povo brasileiro. É isso que queremos: representar o nosso povo na nossa área. Na outra (a política), não podemos". A notícia pode ser lida aqui: "Antes de falar mal do meu país, olhe para o seu", diz Felipão a inglês
P.S.: Depois de escrever esse texto, Felipão, em coletiva após a vitória, arrematou: "A nossa equipe hoje representa os anseios do povo brasileiro. É isso que queremos: representar o nosso povo na nossa área. Na outra (a política), não podemos". A notícia pode ser lida aqui: "Antes de falar mal do meu país, olhe para o seu", diz Felipão a inglês