sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Pense numa novela ruim. É "Balacobaco", da Record


Com a missão de apagar a tragédia causada por “Máscaras”, a nova novela da Record, “Balacobaco” teve publicidade exaustiva. A missão de retomar os bons números é difícil e a emissora tem que procurar saídas para reverter esse quadro. “Balacobaco” foi encomendada à autora Gisele Joras (de “Bela, a Feia” e “Amor e Intrigas”) às pressas, já que a antecessora capengou no ibope e teve que ser encurtada. No site, é anunciada como “uma das maiores novelas da Rede Record”, com “cenas incríveis” e “elenco de primeira”. Tsc, tsc, tsc...

Antes da novela, a Record exibiu o filme “A Era do Gelo”. Um GC (caracteres) era exibido na tela “avisando” o telespectador da estreia (ele voltou durante a novela). Um desrespeito a quem estava assistindo o filme, já que o GC atrapalhava a visão. Sem intervalos, “Balacobaco” começou surpreendente: uma animação caprichada, não era a abertura, mas era algo diferente. A primeira impressão era que a novela viria com tudo. Era só impressão.

Norberto (Bruno Ferrari): bola de cristal para
saber quantos pontos dará no Ibope
A animação em questão era de um sonho de Norberto (Bruno Ferrari) em que matava Eduardo (Victor Pecoraro), seu sócio. Os personagens foram todos apresentados e o capítulo não teve sequer um intervalo. A dupla Cremilda e Zé Maria (Solange Couto e Silvio Guindane) tem a promessa de fazer rir. Fica na promessa. A protagonista Isabel (Juliana Silveira) é a única que parece à vontade no papel. Bruno Ferrari também, ao contrário do restante do elenco.

Dóris e Diva: gêmeas Paranhos. A sede de vingança das
duas faria Nina rir e enterrá-las vivas
A Record tomou gosto ao utilizar animação gráfica nas novelas. Apesar do início interessante, os efeitos visuais entrecenas são de gosto duvidosos (um pac-man nas avenidas do Rio, só como exemplo).O apelo é “moderno”, mas é nonsense. Não há uniformidade, é um festival de desenhos e referências sem ligação alguma. A trilha sonora, veja bem... Se muitos reclamavam da trilha “popular” de “Avenida Brasil”, “Balacobaco” é um convite à surdez. MC Catra faz falta na trilha.

A fotografia é mais viva do que “Máscaras”, mas ainda assim a Record sofre com a iluminação nas novelas. Tentei regular a imagem da TV, mas o problema é lá mesmo. A cenografia beira o kitsch e lembra visualmente “Bela, a Feia”, da mesma autora. Até o escritório tem referências do escritório de moda de “Bela”. A caracterização dos personagens não ajuda a compor a idade que dizem que tem. Isabel (Juliana Silveira) e Teresa (Juliana Baroni) – uma profusão de ex-Malhação, ex-angeliquetes e ex-paquitas – tem uma diferença de idade de 7 anos, com Teresa sendo a mais velha. Não é verossímil. Na cena do assalto e do acidente, Diva (Bárbara Borges) e Dóris (Ana Roberta Gualda, gêmeas, tem 16 anos, mas aparentam ser muito mais velhas do que atualmente. São erros primários, toscos.

"Né brinquedo não!": ops, errei a novela
“Balacobaco” não inova. A trama de “sede de vingança” das gêmeas Paranhos chega a beirar o ridículo: Isabel é sequestrada pelas gêmeas, mas escapa do sequestro e as duas batem o carro, causando um grave acidente. O problema é que esse acidente gerou uma cicatriz de interrogação (?) em Dóris e de exclamação (!) em Diva. As gêmeas culpam Isabel pelas cicatrizes. É, no mínimo, bizarro. A premissa é fraca. A motivação da vingança é vazia. Um bom vilão tem de ter uma boa justificativa para as “maldades”. Cicatrizes, veja bem...

A proposta da novela é impossível de ser conhecida. Se “Máscaras” tinha isso bem definido, ainda que não tenha dado certo, “Balacobaco” foi feita às pressas, um tapa-buraco pelo encurtamento da novela anterior. O “humor” da novela não convence: é caricato e é levado ao extremo. Não deve nada ao “Zorra Total”.

No final, o clímax foi interrompido por um clipe que pareceu imagens de vários próximos capítulos e não apenas do próximo. A abertura foi exibida por último e, se taparmos os ouvidos, é digna de nota. É excelente, criativa. Mas a trilha tenta pegar carona no “oi oi oi” de “Avenida Brasil”. Fica na tentativa, é ruim, muito ruim.

“Balacobaco”, segundo a prévia do ibope, deve ter perdido para o SBT, ficando em 3º lugar entre 7 e 9 pontos. Assim que a novela começou, o ibope da Record veio abaixo, de 12 para 7. Se a emissora quis fazer uma novela que honrasse o nome, ela conseguiu. “Balacobaco” é aquele delírio que beira a vertigem, de tão ruim. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário