Com a missão de apagar a tragédia causada por “Máscaras”, a
nova novela da Record, “Balacobaco” teve publicidade exaustiva. A missão de
retomar os bons números é difícil e a emissora tem que procurar saídas para
reverter esse quadro. “Balacobaco” foi encomendada à autora Gisele Joras (de “Bela,
a Feia” e “Amor e Intrigas”) às pressas, já que a antecessora capengou no ibope
e teve que ser encurtada. No site, é anunciada como “uma das maiores novelas da
Rede Record”, com “cenas incríveis” e “elenco de primeira”. Tsc, tsc, tsc...
Antes da novela, a Record exibiu o filme “A Era do Gelo”. Um
GC (caracteres) era exibido na tela “avisando” o telespectador da estreia (ele
voltou durante a novela). Um desrespeito a quem estava assistindo o filme, já
que o GC atrapalhava a visão. Sem intervalos, “Balacobaco” começou
surpreendente: uma animação caprichada, não era a abertura, mas era algo
diferente. A primeira impressão era que a novela viria com tudo. Era só
impressão.
Norberto (Bruno Ferrari): bola de cristal para saber quantos pontos dará no Ibope |
A animação em questão era de um sonho de Norberto (Bruno
Ferrari) em que matava Eduardo (Victor Pecoraro), seu sócio. Os personagens
foram todos apresentados e o capítulo não teve sequer um intervalo. A dupla
Cremilda e Zé Maria (Solange Couto e Silvio Guindane) tem a promessa de fazer
rir. Fica na promessa. A protagonista Isabel (Juliana Silveira) é a única que
parece à vontade no papel. Bruno Ferrari também, ao contrário do restante do
elenco.
Dóris e Diva: gêmeas Paranhos. A sede de vingança das duas faria Nina rir e enterrá-las vivas |
A Record tomou gosto ao utilizar animação gráfica nas
novelas. Apesar do início interessante, os efeitos visuais entrecenas são de
gosto duvidosos (um pac-man nas avenidas do Rio, só como exemplo).O apelo é “moderno”,
mas é nonsense. Não há uniformidade, é um festival de desenhos e referências
sem ligação alguma. A trilha sonora, veja bem... Se muitos reclamavam da trilha
“popular” de “Avenida Brasil”, “Balacobaco” é um convite à surdez. MC Catra faz
falta na trilha.
A fotografia é mais viva do que “Máscaras”, mas ainda assim
a Record sofre com a iluminação nas novelas. Tentei regular a imagem da TV, mas
o problema é lá mesmo. A cenografia beira o kitsch e lembra visualmente “Bela,
a Feia”, da mesma autora. Até o escritório tem referências do escritório de
moda de “Bela”. A caracterização dos personagens não ajuda a compor a idade que
dizem que tem. Isabel (Juliana Silveira) e Teresa (Juliana Baroni) – uma profusão
de ex-Malhação, ex-angeliquetes e ex-paquitas – tem uma diferença de idade de 7
anos, com Teresa sendo a mais velha. Não é verossímil. Na cena do assalto e do
acidente, Diva (Bárbara Borges) e Dóris (Ana Roberta Gualda, gêmeas, tem 16
anos, mas aparentam ser muito mais velhas do que atualmente. São erros
primários, toscos.
"Né brinquedo não!": ops, errei a novela |
“Balacobaco” não inova. A trama de “sede de vingança” das
gêmeas Paranhos chega a beirar o ridículo: Isabel é sequestrada pelas gêmeas,
mas escapa do sequestro e as duas batem o carro, causando um grave acidente. O
problema é que esse acidente gerou uma cicatriz de interrogação (?) em Dóris e
de exclamação (!) em Diva. As gêmeas culpam Isabel pelas cicatrizes. É, no
mínimo, bizarro. A premissa é fraca. A motivação da vingança é vazia. Um bom
vilão tem de ter uma boa justificativa para as “maldades”. Cicatrizes, veja
bem...
A proposta da novela é impossível de ser conhecida. Se “Máscaras”
tinha isso bem definido, ainda que não tenha dado certo, “Balacobaco” foi feita
às pressas, um tapa-buraco pelo encurtamento da novela anterior. O “humor” da
novela não convence: é caricato e é levado ao extremo. Não deve nada ao “Zorra
Total”.
No final, o clímax foi interrompido por um clipe que pareceu
imagens de vários próximos capítulos e não apenas do próximo. A abertura foi
exibida por último e, se taparmos os ouvidos, é digna de nota. É excelente,
criativa. Mas a trilha tenta pegar carona no “oi oi oi” de “Avenida Brasil”.
Fica na tentativa, é ruim, muito ruim.
“Balacobaco”, segundo a prévia do ibope, deve ter perdido
para o SBT, ficando em 3º lugar entre 7 e 9 pontos. Assim que a novela começou,
o ibope da Record veio abaixo, de 12 para 7. Se a emissora quis fazer uma
novela que honrasse o nome, ela conseguiu. “Balacobaco” é aquele delírio que
beira a vertigem, de tão ruim.
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