Depois da esperança, a euforia e da incerteza, agora o medo toma conta
das discussões sobre os atos realizados em todo o país.
"Não sabemos para onde estamos indo. Só sabemos que a história nos trouxe até este ponto e - se os leitores partilham da tese desse livro - por quê. Contudo, uma coisa é clara. Se a humanidade quer ter um futuro reconhecível, não pode ser pelo prolongamento do passado ou do presente. Se tentarmos construir o terceiro milênio nessa base, vamos fracassar. E o preço do fracasso, ou seja, a alternativa para uma mudança da sociedade, é a escuridão." (Eric Hobsbawm)
Ao ler cada vez mais depoimentos e textos (como este que
mexeu com os brios de quem leu: https://medium.com/primavera-brasileira/dfa6bc73bd8a),
as manifestações no país chegaram a um ponto que não se sabe o que está
realmente acontecendo. A imprensa apoiando, casos estranhos de invasões,
depredações, prédio da FIESP envolto na bandeira nacional, violência, mortes, enfim... São
elementos que nos fazem remeter a outros golpes (não somente militar) que o
Brasil sofreu. E de ficarmos atentos.
A discussão política esvaziou-se no momento em que não há
uma pauta definida. O Movimento Passe Livre sempre defendeu a bandeira de que a
luta era pela redução e extinção da tarifa de transporte público. O povo (a “massa”)
foi aderindo, aderindo... Até que aqueles que repudiavam essa ideia (afinal a
primeira manifestação reuniu duas mil pessoas) por ser apoiada por partidos de
militância esquerda, hoje pedem para baixar bandeiras, etc. Pegam o bonde
andando e ainda querem ter mais direitos do que quem realmente sempre lutou por
isso. A ilustração acima resume tudo isso.
Veja bem: não critico a adesão de ninguém ao “movimento”.
Rico, pobre, preto, branco, homem, mulher, gay, etc podem e devem envolver-se
nesse tipo de questão. Mas é necessário um norte, uma direção para que não haja
o esvaziamento ou ainda, o medo de algo pior. Movimentos radicais vêm se
formado e isso é um perigo enorme. Os argumentos de “contra a corrupção”, “por
mais saúde e educação” são válidos. Mas se dizer apartidário é, sim, uma
bobagem. Como falaram aos montes, é suprapartidário. Dizer-se “apartidário” é
oportunismo puro. Burrice. Daí aparece os pedidos imbecis de impeachment (se
Dilma sai, Michel Temer assume. E aí?), fora “PT”, bandeiras queimadas, etc,
sendo que o problema não foi resolvido desde muito tempo. Isso só confirma um
fato: brasileiro tem memória curta. O historiador Eric Hobsbawm, no livro “Era
dos Extremos”, já dizia que “a memória histórica já não estava viva”. É o que
se aplica hoje ao acusar apenas uma pessoa ou um partido/movimento/direção
política.
Ficou mais do que claro que as reformas polícias baseadas em
transferência de renda chegaram a um esgotamento. De nada adianta agradar
empresários e pobres, se quem está no meio é quem realmente sofre. Deu certo, é
claro. O país melhorou, pessoas saíram
da miséria (mas ainda morrem de fome) e o mundo abriu os olhos pra cá. Não foi
o suficiente. Existem coisas principais e mais graves, urgentes. O governo sentiu e já convocou reunião ministerial. Eles estão, sim, com medo. Todos. Direita, esquerda, verdes, todos.
Ainda acho e acredito que a única luta deveria ser pela
educação. É utópico, mas é aí que está a raiz de todos os problemas. Essa é a
minha luta e meu desejo de melhora. E o seu?
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