Depois de fechar 2012 com um dos melhores produtos daquele
ano (“Doce de Mãe, com Fernanda Montenegro), a Globo abre 2013 com uma produção
igualmente caprichada. “O Canto da Sereia” e Ísis Valverde deixarão as noites
de terça mais contagiantes – e mais emocionantes.
Ísis canta as músicas, não é dublada. Só por isso já é
possível ver a entrega ao papel de Sereia, uma estrela do axé que está no auge,
mas é assassinada no trio elétrico, em pleno carnaval de Salvador. Os suspeitos
são muitos – aliás, quase todos da microsserie – o que realça ainda mais o viés
policial da historia. Ísis Valverde, com Sereia, se consagra como uma das
melhores atrizes de sua geração.
O elenco conta com vários ex-“Avenida Brasil” (além dos
diretores Ricardo Waddington e José Luiz Villmarim): Marcos Caruso (governador
Juracy), Fabiula Nascimento (Mãe Marina de
Oxum), Camila Morgado (a empresária Mara - finalmente a atriz volta a um papel à sua altura) e claro, a “Sereia” Ísis. O elenco
conta ainda com Marcos Palmeira (Augustão), Gabriel Braga Nunes (Paulinho de
Jesus, ex de Sereia), Marcelo Médici (mo marqueteiro Tuta), Zezé Motta (Tia
Celeste), entre outros.
Sereia foi assassinada já neste primeiro episódio. Uma ótima
estreia, com as características dos diretores – fotografia já vista em “Avenida
Brasil”, como câmera na mão, closes dos personagens (a cena da morte de Sereia
me fez lembrar quando Nina acorda depois de ser enterrada viva) – e trilha
sonora nostálgica: “Vamos abrir a roda, enlarguecer” é
um verso da música "A Roda", de Sarajane, lá para as bandas da década de 1980 quando o axé nem sequer existia do jeito que é hoje. E, quem sabe, pode ser o novo-velho hit do carnaval desse ano.
A microsserie é baseada no romance de Nelson Motta – autor e
compositor de várias obras de sucesso – e é adaptado por George Moura, Patrícia
Andrade e Sérgio Goldenberg. E, pasmem, tem supervisão de texto de Gloria
Perez. Sim, aquela de “Salve Jorge”. Às vezes acho que supervisão de texto é
algo só para dar uma “grife” ao produto de roteiristas estreantes (menos
George, que já assinou alguns filmes e obras na Globo). Não há nada de Gloria
Perez no texto, ainda bem.
“O Canto da Sereia” vem, literalmente, no ritmo do axé:
contagiante e empolgante. Ísis Valverde canta como qualquer estrela do axé e
fica a pergunta – batida, mas infalível: quem matou Sereia?
Achei tudo isso e mais um pouco. A observação que não poderia faltar (vinda de mim, é claro, uma quase soteropolitana), pela primeira vez uma atriz faz tão bem o sotaque baiano de salvador. Ótima estreia para 2013!
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