sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Pé na Cova: subersivo sem ser ofensivo


Miguel Falabella volta com humor renovado – ainda que com traços de outras obras – e subversivo, sem apelações.

“Pé na Cova” estreou ontem e mostrou o que o autor e ator sabe fazer de melhor: seriados. Junto com a equipe de roteiristas (Artur Xexéo, por exemplo) e com direção da parceira de longa data, Cininha de Paula, o seriado tem tudo para cair no gosto popular.O elenco mistura figuras conhecidas (o próprio Falabella, Marília Pêra), com outras menos conhecidas (Daniel Torres, o filho Alessânderson, já trabalhou com Falabella em "Toma Lá Dá Cá" e Karin Hils, ex-Rouge, só para citar alguns exemplos.


O elenco: tipos esquisitos




Falabella volta com a empregada burra (Adenóide, vivida por Sabrina Korgut é a nova Bozena) e casais quem convivem juntos – ou separados –, colocando um pé no seriado anterior, “Toma Lá Dá Cá”.  Mas isso não compromete o fio condutor da história. O primeiro episódio preocupou-se em mostrar esquisitos personagens, como que um cartão de visitas para uma trama que, por enquanto, parece uma incógnita. Uma família que comanda uma funerária pode soar estranha, mas o seriado nos mostra como algo comum, como parte de nossa realidade. Claro que pessoas morrem todos os dias, mas o seriado recorre aos problemas típicos da maioria dos brasileiros como pano de fundo: o problema no crediário, os problemas com os filhos, com a ex-mulher, etc. E tudo isso regado a um humor que não chega a ser negro, mas subverte tudo o que temos visto na tv – principalmente na Globo, conservadora por natureza.

Os mortos são assaltados por uma bêbada Dolores (Marília Pêra) que faz a maquiagem dos “presuntos”. A filha Odete Roitman (Luma Costa) faz strip na webcam e os pais tem orgulho, além de namorar com Tamanco (Mart’nália), portanto, é lésbica – aproveitando-se da condição da cantora. O filho Alessânderson (Daniel Tores) quer ser político, mas é burro. Um travesti Marcão (Maurício Xavier) que se transforma em Markassa, irmão de Tamanco. O preto é preto e não “negro”. No crediário, pedem uma “ficha criminal”, preconceito puro. E, no exemplo mais audacioso, com um pé na pedofilia, Ruço (Miguel Falabella) namora Abigail (Lorena Comparato),uma garota de 19 anos que carrega um ursinho. Em todas essas situações, o seriado faz questão de deixar claro que sim, quer colocar o dedo na ferida. Mas tudo isso sem ofender, sem exagerar. O primeiro episódio garantiu boas risadas e alcançou 17 pontos no ibope, satisfatório para uma véspera de feriado em São Paulo.

“Pé na Cova” mostra que a tv pode ser menos careta, ser subversiva, sem perder a qualidade e o principal: o bom humor.

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