Inevitável falar do assunto que iniciou a semana de forma bombástica: a entrevista de Silas Malafaia à Marília Gabriela no “De Frente Com Gabi”, no último domingo.
Não assisti no dia em que foi exibida. Assisti depois de
comentários efusivos vindos dos dois lados: os evangélicos dizendo que Malafaia
“noucateou” Gabi; e o restante, criticando a postura adotada pelo pastor e
elogiando Gabi por defender um ponto de vista, coisa que raramente faz em seus
programas. Veja abaixo a polêmica entrevista:
Acho que, por já ter ouvido todo tipo de comentário, achei a
entrevista um pouco menos bombástica do que falaram. Mas, vamos aos fatos: foi
um debate interessantíssimo, com erros e acertos de ambos.
Malafaia se mostra uma personalidade forte, por vezes
agressiva e estúpida, o que prejudica a imagem do pastor frente a outras
pessoas que não seguem suas ideias. Já Gabi, debateu e confrontou as ideias do
pastor de forma veemente, adotando uma postura pouco comum, por vezes
esquecendo de entrevistar (que é a função qu elhe cabe) para dar o próprio
ponto de vista. Enquanto isso, Malafaia usou o programa como um palco de um
culto, dando palestras, discursos intermináveis e voltas e mais voltas em
perguntas simples. Aliás, essa é uma especialidade do pastor: falar muito
rápido, a ponto de fazer o ouvinte se perder no raciocínio dele. Malafaia é
enfático em suas posições, tornando-se por vezes agressivo. Para quem conhece,
é algo visto como “natural”. O pastor chamou Marília diversas vezes de “ô filha”
ou então “querida”.
Malafaia usou e abusou de dados porcentuais para explicar
casos de homossexualidade (para ele, homossexualismo, uma doença), sem mostrar
ou citar qualquer tipo de fonte. Embasado por dogmas e preceitos religiosos, o
pastor critica e usa esses mesmos dados para explicar coisas sem sentido.
Enquanto isso, Marília confrontava, dizendo que sim, há dados e estudos.
Malafaia, ao contrário, disse várias vezes que “a genética não tem como
comprovar” ou fazendo pré julgamentos (estes que ele tanto condena) de casais
homossexuais; sobre indícios de como uma criança pode se tornar um, sendo que
como ele pode garantir isso?
Mas o erro mais grave do pastor foi quando citou a religião
islâmica. Ao ser questionado, disse: “é
um radicalismo horroroso, que manda matar, que não aceita os outros”. Ele, como
teólogo, deveria ter expressado de outra maneira. Ao julgar (como um Deus), o
pastor considera todos os islâmicos como assassinos e terroristas. Como ele
mesmo disse no início da entrevista, sobre a materia na Forbes, o ser humano
pega um mau exemplo e usa para o resto de um grupo. No exemplo, é como se todos
os pastores fossem ricos e ele, claro, condenou. Mas usou esse mesmo racicínio
para falar dos islâmicos. Vai entender...
A entrevista só serviu para reforçar uma imagem negativa que
as pessoas têm do pastor e da religião evangélica. Por outro lado, os
evangélicos o consideram o baluarte de seus direitos e crucificaram Marília
Gabriela. Enquanto isso, as minorias vão se sobrepujando ao restante da
população, querendo direitos exclusivos, mas cerceando o do outro e brigando
entre si. Muito melindre, senhores.
Para saber mais:
Gabi fala sobre a entrevista: http://mauriciostycer.blogosfera.uol.com.br/2013/02/05/me-senti-na-obrigacao-de-dar-o-meu-ponto-de-vista-diz-gabi-sobre-entrevista-com-malafaia/
Geneticista explica os equívocos de Malafaia: http://www.youtube.com/watch?v=3wx3fdnOEos
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