terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Gabi x Malafaia


Inevitável falar do assunto que iniciou a semana de forma bombástica: a entrevista de Silas Malafaia à Marília Gabriela no “De Frente Com Gabi”, no último domingo. 

Não assisti no dia em que foi exibida. Assisti depois de comentários efusivos vindos dos dois lados: os evangélicos dizendo que Malafaia “noucateou” Gabi; e o restante, criticando a postura adotada pelo pastor e elogiando Gabi por defender um ponto de vista, coisa que raramente faz em seus programas. Veja abaixo a polêmica entrevista:






Acho que, por já ter ouvido todo tipo de comentário, achei a entrevista um pouco menos bombástica do que falaram. Mas, vamos aos fatos: foi um debate interessantíssimo, com erros e acertos de ambos.

Malafaia se mostra uma personalidade forte, por vezes agressiva e estúpida, o que prejudica a imagem do pastor frente a outras pessoas que não seguem suas ideias. Já Gabi, debateu e confrontou as ideias do pastor de forma veemente, adotando uma postura pouco comum, por vezes esquecendo de entrevistar (que é a função qu elhe cabe) para dar o próprio ponto de vista. Enquanto isso, Malafaia usou o programa como um palco de um culto, dando palestras, discursos intermináveis e voltas e mais voltas em perguntas simples. Aliás, essa é uma especialidade do pastor: falar muito rápido, a ponto de fazer o ouvinte se perder no raciocínio dele. Malafaia é enfático em suas posições, tornando-se por vezes agressivo. Para quem conhece, é algo visto como “natural”. O pastor chamou Marília diversas vezes de “ô filha” ou então “querida”.

Malafaia usou e abusou de dados porcentuais para explicar casos de homossexualidade (para ele, homossexualismo, uma doença), sem mostrar ou citar qualquer tipo de fonte. Embasado por dogmas e preceitos religiosos, o pastor critica e usa esses mesmos dados para explicar coisas sem sentido. Enquanto isso, Marília confrontava, dizendo que sim, há dados e estudos. Malafaia, ao contrário, disse várias vezes que “a genética não tem como comprovar” ou fazendo pré julgamentos (estes que ele tanto condena) de casais homossexuais; sobre indícios de como uma criança pode se tornar um, sendo que como ele pode garantir isso?

Mas o erro mais grave do pastor foi quando citou a religião islâmica. Ao ser questionado, disse:  “é um radicalismo horroroso, que manda matar, que não aceita os outros”. Ele, como teólogo, deveria ter expressado de outra maneira. Ao julgar (como um Deus), o pastor considera todos os islâmicos como assassinos e terroristas. Como ele mesmo disse no início da entrevista, sobre a materia na Forbes, o ser humano pega um mau exemplo e usa para o resto de um grupo. No exemplo, é como se todos os pastores fossem ricos e ele, claro, condenou. Mas usou esse mesmo racicínio para falar dos islâmicos. Vai entender...

A entrevista só serviu para reforçar uma imagem negativa que as pessoas têm do pastor e da religião evangélica. Por outro lado, os evangélicos o consideram o baluarte de seus direitos e crucificaram Marília Gabriela. Enquanto isso, as minorias vão se sobrepujando ao restante da população, querendo direitos exclusivos, mas cerceando o do outro e brigando entre si. Muito melindre, senhores.

Para saber mais:
Gabi fala sobre a entrevista: http://mauriciostycer.blogosfera.uol.com.br/2013/02/05/me-senti-na-obrigacao-de-dar-o-meu-ponto-de-vista-diz-gabi-sobre-entrevista-com-malafaia/

Geneticista explica os equívocos de Malafaia: http://www.youtube.com/watch?v=3wx3fdnOEos


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