domingo, 3 de fevereiro de 2013

O povo aplaude e está tudo certo

2013 tem sido um ano diferente dos outros no samba de São Paulo. Não só pela confusão na apuração em 2012, mas no samba como ritmo e espetáculo. Os ensaios técnicos só corroboram essa visão.


Ao acompanhar a maioria das escolas de samba, é visível o esforço da maioria delas em mostrar o que realmente importa: o ritmo. Império de Casa Verde, X-9 Paulistana, Rosas de Ouro, Tucuruvi, entre outras, vem com breques e bossas diferenciadas. O Vai-Vai continua com uma bateria forte, ousando em poucos momentos. É o estilo do quase lendário Mestre Tadeu e isso vai demorar para ser alterado. Enquanto isso, a Mocidade Alegre, outra boa bateria, vem com coreografias, uma marca que dura há algum tempo.

E isso cansa.

Ih! A bateria sumiu? Não, foi dançar
As “paradinhas” e breques das outras escolas não causam mais a comoção e a empolgação de outrora. O ritmo é deixado de lado para a realização de coreografias mirabolantes, círculos, rodas, cruzamentos, embaralhamentos, enfim... Um espetáculo visual que arranca aplausos efusivos de uma plateia que é tomada não pelo ritmo – este aparentemente deixado de lado – mas pelo apelo visual que causa. Abaixo, apartir dos 5:05, a coreografia nova que a escola trará para a avenida. Não achei um vídeo com a visão da arquibancada, mas por aqui já dá para ter uma noção do "pirambolê":




Nenhuma outra bateria faz isso nesse grau de elaboração de coreografia. No máximo uma viradinha, um passo pro lado, pro outro... Vejo que é uma preocupação da Morada do Samba em, a cada ano, mostrar algo diferente. Na coreografia, claro, pois o ritmo é o mesmo, as características são as mesmas, a “paradona” esta lá... Mas e aí? Vale a pena deixar a criatividade no RITMO para criar uma ala coreografada na bateria?

As voltas que a bateria faz são aplaudidas de forma inconstestável. Claro, são difíceis e necessitam treino. A deste ano é de uma ousadia sem igual, e o caracol está lá, como se fosse uma obrigação desta escola em fazer isso. Mestre Sombra é um dos melhores de São Paulo, mas não ouço (pois ver cansa) mais um ritmo diferente numa bateria que tem, como única função manter o ritmo e a criatividade nas bossas. Dancinhas não contam ponto, não interferem na evolução. Pode até ser uma forma de “pressão”, já que o povo fica em êxtase e os jurados podem, talvez, ficar “impressionados”... Besteira, para não dizer outra coisa.

Essa é uma característica da escola, que tem uma presidente espertíssima em arrancar aplausos de uma plateia surda, que preza não pelo som, mas pelo que vê. Mas espero, um dia, que dancinhas e coisas do tipo acabem de uma vez por todas. 

PS.: A bateria (e harmonias e, claro, a presidente), ao terminar o ensaio (já atrasado) depois de o cronômetro estar zerado, sair da dispersão e voltar para a pista foi de um desrespeito sem tamanho. Mas o povo aplaude, e está tudo certo. 

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