O aumento na tarifa de ônibus paulistana em 20 centavos
desencadeia uma série de protestos...
foto: Thiago Queiros/Estadão |
...protestos de uma juventude imbecil e inconsequente. As
imagens mostram uma Avenida Paulista destruída – claro, parte por culpa da
ineficiência e truculência da polícia militar – por “estudantes” que se dizem
contra o aumento de 0,20 na passagem de ônibus. A “revolta” não passa de um
bando de estudantes que muito provavelmente tem a condução (e mensalidade da
faculdade) paga pelos pais. Muito provavelmente estudantes que pagam o olho da
cara em festas e baladas. Muito provavelmente são estudantes que, àvidos por
uma baderna, se jogam em qualquer manifestação, legitimando-a como justa e por
uma boa causa. Mas manifestante que não mostra a cara – como os vários que
usaram máscara para se esconder – só mostra que tem vergonha do que faz. E sabe
que está errado.
Sabemos que sim, o aumento é um abuso, afinal subiu muito
mais que a inflação no período. Sabemos que o serviço prestado não é lá grande
coisa, e o problema acaba se estendendo não somente para o transporte público
(ônibus/metrô/trem), mas para toda a mobilidade urbana (vias, avenidas). Sabemos
que os salários não aumentaram na mesma proporção. Sabemos que a polícia é
truculenta e é bem provável que tenham feito boa parte dos estragos. Mas nada
disso legitima um protesto por 0,20. Sim, pode fazer falta para quem realmente
precisa e mora nas periferias. Gente que mora na periferia, mas ainda assim compra tênis de quase mil reais e não reclama por isso. Estudantes que pagam meia tarifa, o que na prática resulta em um aumento de dez centavos.
Manifestações truculentas podem garantir alguma mudança?
Não. É só ver as diversas que ocorreram na Primavera Árabe. Muito barulho e
poucos resultados. A diferença é que lá, sim, é por algo decente: a má política
praticada naqueles países. Vejamos: no Chile, há um tempo atrás, manifestantes
entraram em confronto com a polícia protestando por melhoras na educação. Veja
bem, na educação. Ninguém aqui se mexe para protestar contra a má educação
oferecida nas universidades públicas e mais ainda nas particulares. Mas quando
mexe no bolso... Aí o bicho pega.
Acho que tudo não passa de uma minoria que se acha
prejudicada e no direito de “parar” a cidade, mas uma minoria não só com o tipo
“burguês revolucionário”, tão presente hoje em dia nas universidades. Mas do
pobre anarquista e arruaceiro que adora uma baderna. Aliás, está virando moda:
tudo vira protesto: a favor da família, contra o aborto, contra o aumento da
passagem... Mas contra a corrupção, contra os maus serviços prestados em diversas
áreas da sociedade, nada. Quando mexe no bolso, o bicho pega.
No fim do ano passado, em Portugal, uma manifestação de alguns
milhares foi marcada por algo impensável em um protesto: o silêncio dos
manifestantes. Contra o aumento dos impostos, contra os cortes nos salários e
contra o desemprego, numa crise que atinge toda a Europa. Tudo no mais absoluto
silêncio. Talvez não tenha adiantado. Mas ficou muito mais marcada do que
qualquer “baderninha” causada por estudantes “revolucionários”.
Esse discurso “revolucionário anarquista” cansa.
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