- Império: Poderia ser suspeito para falar, afinal é minha
escola. Mas, não é um samba que me agrada. Não que o samba seja ruim, ao
contrário. Um dos melhores do ano, até. O problema é que o samba parece que não
foi feito para o Império. Pode ser para outra escola, mas não aqui. Diferente
de outros sambas, este acaba caindo nos mesmos maneirismos do samba de São
Paulo. Não é surpreendente, mas não é marcante quanto os de 2005 e 2007. Temo,
pois a perda da identidade em uma escola de samba é grave pode custar caro. O
samba tem bons momentos, como o refrão do meio. Esse refrão que jamais ouviria
na Casa Verde, com “pegada afro”. Nem quando a escola falou do tema em 2003
houve uma referência tão explícita. Eu, particularmente, não gosto e, ainda
mais nesse enredo, me parece desnecessária essa citação. O samba mexeu com os
brios da comunidade com os versos finais (A minha voz, ninguém vai calar /
Imperiano eu sou / Não desisto de lutar), numa tentativa forçada de “levantar”
a escola. O refrão principal é um festival de clichês, com um número sem fim de
adjetivos e qualidades (amor, paixão, guerreiro, raça, emoção, nação). No mais,
o samba, além do festival de clichês, é um samba fiel ao enredo e finaliza com
uma “mensagem “ de força, garra, união e luta à escola, caindo no refrão
principal, com intermináveis elogios, com muita raça, amor e paixão. Não
convence.
Ouça em: http://www.sidneyrezende.com/noticia/181904+imperio+de+casa+verde+samba+concorrente++aldair+e+cia
- Mocidade: Fazia tempo que não via um samba tão fácil de "pegar". É fácil, bom de ouvir e de cantar. A parceria foi bi-campeã e o samba continua bom.
E é também da parceria o samba do Império citado acima. Claro que inferior ao
maravilhoso samba de 2012 (Ojuobá), mas o enredo da Morada para 2013 é lúdico e
o samba acaba sendo “mais um”. O enredo é confuso, mas a letra do samba deixa
claro com perguntas (E se o vilão é o herói, afinal? / E se o sonho se torna
real?) ou com os versos iniciais. O refrão do meio é o destaque do samba. Já o
refrão principal tem uma “aura” do de 2012 (2012: Tenho sangue guerreiro, sou
Mocidade, e 2013: Com muito orgulho, sou Mocidade) e não seduz. A escola
alterou o verso “Morada, é a paixão que nos conduz” por “O samba é a paixão que
nos conduz”. O enredo me parece uma indireta às outras escolas e a alteração só
fez completar essa suspeita. A citação no samba à escola está lá, os elogios e
qualidades também (paixão, força, união, garra e emoção) e deságua num refrão
igualmente “orgulhoso”. Elogios são bem vindos, mas uma hora cansa.
Ouça em: http://www.sidneyrezende.com/noticia/177332+mocidade+alegre+samba+concorrente++andre+ricardo+e+cia
- Nenê: a Águia Guerreira da Zona Leste vem com um samba
grandioso. Porém, não belo. É extenso, burocrático e não combina com a voz do
intérprete Celsinho. O enredo tinha tudo para gerar bons sambas, o que não
aconteceu – uma constante este ano. Os versos são bonitos, especialmente na
segunda parte, o destaque do samba. O refrão do meio seria ótimo se não
finalizasse de maneira tão óbvia e sem contexto. O início do samba é por vezes
triste, mas nada que algumas mudanças na letra e melodia possam melhorar. É a
volta da Nenê ao grupo especial e que permaneça lá, com samba bom ou ruim.
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