"Negocia 'Dilma' vez!!": A presidente está em situação confortável. Os alunos, não. |
Me chamou a atenção esses dias, no Facebook, algumas fotos
de “protesto” em razão da greve de professores em universidades federais. As
mensagens, com aquele teor extremamente inquisitório e revolucionário, ataca em
especial o governo. Segundo “eles”, o governo nada faz para impedir ou
solucionar a greve. Enquanto isso, o governo está em Londres, nos Jogos
Olímpicos. Como se este último evento fosse de menor importância ou que
simplesmente não seria “justo” o país deixar de lado uma situação aqui para “se
divertir” nos Jogos. Quanta bobagem.
O assunto foi tema da Revista Época, edição número 737, na
opinião do cientista político Alberto Carlos Almeida. O autor diz que estamos
pagando o salário de quem não trabalha. E não que ele está certo? A greve não
tem razão de ser.
A greve perdura desde o dia 17 de maio. Os professores
pararam de dar aulas, mas o salário... Sim, está lá todo mês. Do nosso bolso. E
pior: se o governo aceitar os pedidos dos doutores, o imposto aumenta, pois o
gasto aumenta. Como ele disse na reportagem, “Parece piada: aumentar impostos
para destinar mais recursos a uma minoria que tem o doutorado completo e
reivindica por meio de greves remuneradas”.
Greves são por maioria inúteis quando atingem o
governo. Nessa greve de professores, quem apenas sai perdendo são os alunos, pois
não têm aula. Os alunos são os verdadeiros prejudicados nessa
história.
O propósito de uma greve é pressionar o patrão e com isso prejudicar
uma produção, por exemplo. Se para a produção automobilística, as vendas de
carros caem, pressionando os patrões a aceitar, pois o faturamento cai. Numa greve de professores, o
governo não sofre nenhum tipo de prejuízo. Nenhum mesmo, afinal, continua
pagando o salário normalmente. Ou seja, não há pressão alguma. Mesmo que pareça
um “absurdo” o governo não intervir, o vilão dessa história é o grevista.
De acordo com o Ministério da Fazenda, “entre 2005 e 2010 o
orçamento das 57 universidades federais aumentou 120%, sem contar os gastos com
aposentados e pensionistas. Elas receberam quase R$ 20 bilhões em 2010 (...).
No mesmo período, as vagas para estudantes de graduação cresceram somente 58%,
segundo o Ministério da Educação”. É uma conta simples de se resolver. A
diferença é grande. Enquanto isso, as universidades privadas mais que dobraram
em número de alunos, de 2 milhões para 4,7 milhões no mesmo período. A greve não
é por falta de investimentos do governo.
Um argumento defendido pelos grevistas é de que as salas de
aula precisam ter poucos alunos e não 100 ou até mesmo 200 como tem hoje. Como
se a quantidade interferisse na qualidade das aulas. Grandes universidades
internacionais são assim e nem por isso são menos valorizadas. Outro argumento
dos professores é que os gastos de 120% a mais foram destinados à pesquisa. Mas
os pesquisadores continuam trabalhando, com recursos adicionais por meio da
iniciativa privada. Como disse Alberto Carlos, “para os grevistas, só um tipo
de recurso não é pecaminoso e assegura a independência acadêmica: aquele que
vem do Tesouro Nacional – do nosso bolso”.
Resumo da ópera: para o governo, tudo continuará como está e
as universidades privadas continuarão a crescer, podendo ultrapassar as federais
em número de pesquisas e investimentos. Quem "ganha" com isso é o contribuinte,
ou seja, você. Pode parecer egoísmo, afinal o dinheiro sai do nosso bolso e os
alunos ficam sem aulas. Mas, se há investimento público, deveria ter no
mínimo aula. E não é o que acontece até agora.
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