terça-feira, 31 de julho de 2012

A greve sem razão de ser

"Negocia 'Dilma' vez!!": A presidente está em situação confortável.
Os alunos, não.

Me chamou a atenção esses dias, no Facebook, algumas fotos de “protesto” em razão da greve de professores em universidades federais. As mensagens, com aquele teor extremamente inquisitório e revolucionário, ataca em especial o governo. Segundo “eles”, o governo nada faz para impedir ou solucionar a greve. Enquanto isso, o governo está em Londres, nos Jogos Olímpicos. Como se este último evento fosse de menor importância ou que simplesmente não seria “justo” o país deixar de lado uma situação aqui para “se divertir” nos Jogos. Quanta bobagem.

O assunto foi tema da Revista Época, edição número 737, na opinião do cientista político Alberto Carlos Almeida. O autor diz que estamos pagando o salário de quem não trabalha. E não que ele está certo? A greve não tem razão de ser.

A greve perdura desde o dia 17 de maio. Os professores pararam de dar aulas, mas o salário... Sim, está lá todo mês. Do nosso bolso. E pior: se o governo aceitar os pedidos dos doutores, o imposto aumenta, pois o gasto aumenta. Como ele disse na reportagem, “Parece piada: aumentar impostos para destinar mais recursos a uma minoria que tem o doutorado completo e reivindica por meio de greves remuneradas”.

Greves são por maioria inúteis quando atingem o governo. Nessa greve de professores, quem apenas sai perdendo são os alunos, pois não têm aula. Os alunos são os verdadeiros prejudicados nessa história.

O propósito de uma greve é pressionar o patrão e com isso prejudicar uma produção, por exemplo. Se para a produção automobilística, as vendas de carros caem, pressionando os patrões a aceitar, pois o faturamento cai. Numa greve de professores, o governo não sofre nenhum tipo de prejuízo. Nenhum mesmo, afinal, continua pagando o salário normalmente. Ou seja, não há pressão alguma. Mesmo que pareça um “absurdo” o governo não intervir, o vilão dessa história é o grevista.

De acordo com o Ministério da Fazenda, “entre 2005 e 2010 o orçamento das 57 universidades federais aumentou 120%, sem contar os gastos com aposentados e pensionistas. Elas receberam quase R$ 20 bilhões em 2010 (...). No mesmo período, as vagas para estudantes de graduação cresceram somente 58%, segundo o Ministério da Educação”. É uma conta simples de se resolver. A diferença é grande. Enquanto isso, as universidades privadas mais que dobraram em número de alunos, de 2 milhões para 4,7 milhões no mesmo período. A greve não é por falta de investimentos do governo.

Um argumento defendido pelos grevistas é de que as salas de aula precisam ter poucos alunos e não 100 ou até mesmo 200 como tem hoje. Como se a quantidade interferisse na qualidade das aulas. Grandes universidades internacionais são assim e nem por isso são menos valorizadas. Outro argumento dos professores é que os gastos de 120% a mais foram destinados à pesquisa. Mas os pesquisadores continuam trabalhando, com recursos adicionais por meio da iniciativa privada. Como disse Alberto Carlos, “para os grevistas, só um tipo de recurso não é pecaminoso e assegura a independência acadêmica: aquele que vem do Tesouro Nacional – do nosso bolso”.

Resumo da ópera: para o governo, tudo continuará como está e as universidades privadas continuarão a crescer, podendo ultrapassar as federais em número de pesquisas e investimentos. Quem "ganha" com isso é o contribuinte, ou seja, você. Pode parecer egoísmo, afinal o dinheiro sai do nosso bolso e os alunos ficam sem aulas. Mas, se há investimento público, deveria ter no mínimo aula. E não é o que acontece até agora.

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