“Avenida Brasil” chega ao fim nesta
sexta e, por mais que os conservadores-pseudo-intelectuais-docontra insistam em
denegrir esse produto, essa novela é sem dúvida um marco na produção de
teledramaturgia no país, quiçá no mundo.
A história criada por João Emanuel
Carneiro remete a várias outras, como a série “Revenge”, o livro “O Pequeno
Príncipe” e vários outros lidos mesmo na novela por Tufão (O Primo Basílio, O
idiota, entre outros) e até mesmo à novela anterior de JEC, “A Favorita”. Diz o
autor que Nina é cria da vilã Flora. Além disso, muitas referências ao cinema
estão lá, como na cena em que Nina (Débora Falabella) é enterrada viva, assim
visto em “Kill Bill”, do diretor Quentin Tarantino. E referências até às
primeiras novelas de JEC, “Da Cor do Pecado” e “Cobras e Lagartos”. Créditos
também à direção de Ricardo Waddington, Amora Mautner e José Luiz Villamarim,
brilhantes na condução e execução das cenas.
Mas não se faz mais necessário
discorrer sobre as tantas qualidades e os defeitos (ah, as fotos e o pen-drive
pu então a pior cena da novela entre Monalisa e Silas sobre Ivana) de “Avenida
Brasil”. Cabe agora, nesse momento em que o país fica na expectativa de saber o
futuro de vários personagens, discutir sobre esse produto que é um mero
entretenimento, por mais que digam o contrário.
Infelizmente ainda há o preconceito
e a veemente fúria dos “conservadores” (para não dizer outra coisa) que
insistem em dizer que novela é alienadora e prejudica a formação das pessoas.
Aos machistas (que com certeza já viram um capítulo de “Avenida Brasil”, a mais
machista das novelas), que acham que novela é coisa de “mulherzinha” ou de
viado. Aos cultos, que acham que novela é sub-produto, inferior ao cinema e
seriados (americanos, claro). É impressionante como um produto que é o mais
rentável e de maior audiência na TV brasileira – veja só, os capítulos dão mais
audiência que uma final de Libertadores – ainda é execrado e tido como menor,
inferior, lixo. Os grandes jornais não podem falar do assunto, afinal a “elite
conservadora” acha um absurdo, uma babaquice, uma “emburração”. Mas, porra,
novela não é feita para ensinar ninguém. Não é instrumento de educação. Mas
falar sobre filmes, cinema e seriados, pode. Vai entender...
Por mais que a novela faça
referência – e porque não, reverência – ao tipo americano de produção, com imagens,
câmeras, enquadramentos, trilhas, visual, etc, ela ainda é tida como produto
“pro povão”, que “não entende”, que quer consumir de graça, que é alienado e
“não tem o que fazer”. E, veja só novamente, uma novela (Caminho das Índias)
ganhou o Emmy Internacional (o Oscar da TV mundial) como melhor novela. A
primeira novela das 11, “O Astro”, está concorrendo ao mesmo prêmio este ano. Mas
ainda querem mais.
Acredito que um dia essa situação
pode mudar e, aí sim, a novela pode ser acompanhada por cada vez mais e bons
olhos.
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