Mais quatro sambas paulistanos:
- Tucuruvi: Outra parceria bi-campeã, o samba da Tucuruvi
era o melhor da final. De enredo fácil, a escola não teve grandes problemas com
os sambas. É um samba correto, exceto (no bom sentido) pelo refrão de meio, que é o mais
divertido do carnaval, com direito a risadas. Pode ser um risco, mas eles são
necessários para manter a qualidade do samba paulista, que anda fraco (aliás,
mal acostumado, acomodado) em termos de samba. A segunda estrofe é destaque,
com uma linda homenagem dupla: ao tema do enredo, Mazzaropi e Dona Edna, a primeira
dama da escola que faleceu em maio deste ano.
- Rosas de Ouro: Se tivesse uma palavra para descrever o
samba da roseira é sono. Apesar dos versos lindos, amorosos, feitos para virar
frase-clichê, a melodia é sonolenta. Um risco, desta vez perigoso, já que a
escola será a segunda a pisar na avenida. Ao invés de incendiar, vai minar na
avenida, a não ser que Darlan e o time de canto façam algum milagre. Salva o
samba o refrão principal, alegre, a cara de sambas mais antigos da Rosas.
Destoa do restante. O refrão do meio é incrivelmente lento, praticamente uma
canção de ninar. Alguns versos parecem confusos, como “Uma dança enfeitiça o
olhar / E o toque do tambor os corações!”. A comunidade abraçou o samba
(provavelmente pelas frases “lindinhas”) e a final tinha outro samba melhor, da
parceria campeã em 2012. Era um samba com “pegada”, correto, mas a Rosas
novamente opta por essa linha de samba, que perdura desde 2009. Uma pena para
uma escola que já levou sambas memoráveis para a avenida. A festa, que me
perdoem os torcedores, pode não rolar.
Ouça em: http://www.sidneyrezende.com/noticia/179696+rosas+de+ouro+samba+concorrente++armenio+poesia+e+cia
- Gaviões da Fiel: É impressionante o que acontece na
alvi-negra do Bom Retiro. Desde que voltou ao grupo especial em 2008, os Gaviões
parecem perdidos, sem rumo. Nenhum samba até agora tem a cara da escola, nem
mesmo o do centenário corintiano. O enredo sobre a publicidade brasileira me
pareceu interessante, mas quando chegaram os sambas de enredo concorrentes...
Nem mesmo o poeta Grego, de sambas históricos, conseguiu salvar a leva de
sambas. Ernesto Teixeira volta a ganhar um samba na própria escola e ele é pé
quente: nos anos que ganhou samba, a Gaviões levou o título em três
oportunidades (1999, 2002 e 2005). Já o samba, veja bem... Samba extenso, pouco
visto na alvi-negra, é como se fosse um samba de outra escola que os Gaviões
pegaram. Apesar disso, é correto. Os refrões são medianos, sem emoção. A
segunda parte é interessante, com uma melodia melhor construída. A primeira
estrofe faz uma ode ao Corinthians, assim como o verso do refrão (Um bando de
loucos, amor de verdade). Mas nem isso deixa o samba com a “cara” já conhecida
dos Gaviões.
Ouça em: http://www.sidneyrezende.com/noticia/185294+gavioes+da+fiel+samba+concorrente++jose+rifai+e+cia
- Vila Maria: Mais um daqueles sambas mais-do-mesmo, com
refrões genéricos. É covardia comparar com o samba de 2008 quando homenageou a
comunidade japonesa. Tudo bem, são duas nações diferentes, mas a comparação é
inevitável de ser feita pela proximidade visual dos enredos. Os versos “Recomeçar,
lutar sem desistir / Tá no sangue feroz dessa gente / Trilhar um caminho,
buscando a vitória” tem duplo sentido, também relacionado à escola. A segunda
parte, como na maioria dos sambas, parece melhor feita. Sinto falta de
expressões sul-coreanas (conta apenas com uma no refrão de meio).
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