"The Voice Brasil", além de mostrar o que há de melhor na música brasileira - um musical de verdade - trouxe um Tiago Leifert melhor que aquele apresentador esportivo piadista sem-graça. E Ellen Oléria não vai vender. Ela é boa demais pra ser popular, é outro nível.
A primeira temporada do The Voice Brasil – com uma segunda
já garantida para 2013 – mostrou todo o potencial que é possível ter em música
no Brasil. Pelo menos 20 cantores e cantoras que passaram por ali poderiam
ganhar facilmente o programa, tamanha a qualidade musical. O reality foi um
prato cheio para a boa – ótima – música brasileira. Apresentações de candidatos memoráveis, assim como a dos convidados especiais - Sergio Mendes no final coroou esse programa.
Apesar de não ser um fenômeno de audiência – em torno dos
13, 14 pontos –, alavancou a audiência do horário. Nas redes sociais, o reality
fez certo sucesso, já que o uso foi constante durante o programa com mensagens
exibidas nas apresentações.
O The Voice Brasil também mostrou um Tiago Leifert seguro,
diferente daquele sem-graça apresentador do Globo Esporte. É o novo showman da
tv brasileira. Emitindo juízos para os cantores e mostrando uma empatia com
outros, Leifert teve total liberdade para dar opiniões. Interessante, já que
nesse tipo de programa “tudo é lindo e maravilhoso”.
Os jurados, em seus variados estilos, levaram candidatos com
características que lhe eram parecidas. Daniel se mostrou um técnico fraco, com
o time mais fraco em relação aos outros técnicos – com exceção da finalista Liah Soares, Alma
Thomas e Daniel Meirelles. Lulu Santos contou com o time mais equilibrado – Késia
Estácio, maravilhosa; e o que falar de Marquinho OSócio? – e Cláudia Leitte o
mais água com açúcar – Thalita Pertuzatti e Ju Moraes, as duas finalistas do
time, estão fora dessa, são incríveis. A supresa ficou com o percussionista –
mais que cantor – Carlinhos Brown, que montou um time poderoso. O próprio
Leifert reconheceu quando, duas semanas atrás, disse que os 4 que disputavam no
time de Brown poderiam estar tranquilamente na final. Desse time saíram cantoras
na glória de sua música: Quésia Luz, Mira Callado, Ludimillah Anjos – PÁH! – e a
vencedora, Ellen Oléria.
Ellen Oléria pode sofrer de um mal que acomete vencedores de
reality shows musicais: tem um grande potencial vocal – ela, entre todos os
cantores, faz jus ao título do programa – mas não tem poder de venda, vide
Vanessa Jackson, vencedora do “Fama 1” da mesma Rede Globo. Ellen Oléria é boa
demais, não há dúvida. Mas não há um apelo popular que poderia ser explorado como
em Ludmillah Anjos (PAH!) ou Ju Moraes, por exemplo. Ellen Oléria é outro
nível, é música de qualidade. E bem sabemos que, ainda, música de qualidade não
é para as massas. Conta a favor o fato de o contrato ser com uma gravadora fora
do domínio global – a Universal – e a maior abertura para participar de outros
programas.
Se a intenção era escolher “a” voz, o programa conseguiu. Ellen
Oléria é a potência em pessoa. Tomara que essa potência se transforme em
vendas.
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