terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Depredação no aeroporto nenhum corinthiano compartilha...

"Só eles fazem isso", diz o rival cego e esquecido.
...e são-paulinos esquecem (eu, pelo menos, não) da depredação da Paulista em 2005 (Libertadores) e palmeirenses esquecem do vandalismo no Pacaembu este ano. A manchete tinha que continuar, mas ficaria muito extensa.


O texto a seguir pode parecer chapa-branca, com a velha - e inexistente -  ideia do "jornalismo imparcial", com a conotação de puxa-saco, e por aí vai. Mas não, estimado leitor. É apenas uma constatação simples.

Fazia tempo que eu não falava sobre futebol nesse espaço, mas a chegada do Mundial de Clubes e os recentes acontecimentos me forçaram a escrever, já que as redes sociais não me permitem fazer uma reflexão maior sobre o assunto.

Pois bem. O Corinthians embarcou ontem para Dubai, local da preparação para o Mundial. Aproximadamente 17 mil corinthianos lotaram o Aeroporto de Guarulhos para festejar e despedir-se dos jogadores, que embarcaram pela madrugada. Festa, muita festa. Algo típico da torcida corinthiana e, veja bem: isso não é uma crítica.

A festa terminou, os festejos no Facebook foram aos montes e aí, os rivais se aproveitaram da situação para expor suas glórias passadas: “o meu time juntou tudo isso em 2005. O meu time lotou a livraria”, e por aí vai.  Junte a isso a depredação no aeroporto. Pronto. Prato cheio para os rivais debocharem da torcida corinthiana – cunhando com os mesmos adjetivos pejorativos de sempre. Não vejo problema na euforia corinthiana. Uns falam em superioridade. É, pode até ser por parte de alguns. Mas num momento como esse, é tão natural que isso aconteça quanto a festa do São Paulo na conquista do mundial em 2005. Pela primeira vez vão disputar um Mundial “do jeito certo”. E não, a torcida corinthiana não é diferenciada. Só a concentração de fanatismo que é maior, isso não há dúvidas. “Diferenciada”, que seja por isso, mas não por outro motivo. A superioridade começa quando o fanatismo deixa guiar. 

Mas aí a nuvem da hipocrisia paira por todos os lados: corinthianos que – com toda justiça e direito – se gabam de ter levado 17 mil pessoas a um aeroporto (chega a ser mais gente que um estádio, é bem verdade) e os rivais palmeirenses e são-paulinos compartilhando aos montes a foto da depredação - o que, de fato, é condenável. O curioso é que, esses mesmos tricolores esqueceram (eu não esqueci) que os torcedores depredaram a Avenida Paulista na “comemoração” pela conquista da Taça Libertadores em 2005, num dos maiores casos de vandalismo já vistos no local. Veja aqui: http://www1.folha.uol.com.br/folha/esporte/ult92u91703.shtml e aqui http://esportes.terra.com.br/futebol/libertadores2005/interna/0,,OI592325-EI4588,00.html E os palmeirenses, recentemente, depredaram o Pacaembu. O problema é que, se fosse o São Paulo ou qualquer outro time, corinthianos estariam "compartilhando fotos" da mesma maneira. Um não pode ser pretexto para o outro. O grande problema é que a maioria dos torcedores pensam pequeno e aí, amigos, a merda está feita.

O futebol é um prato cheio para o deboche de rivais. E da imprensa também, para o bem e para o mal. Um dia é reportagem exaltando o representante brasileiro (aham, tá!) no mundial. No outro é esculachando os torcedores vândalos e inconsequentes que foram ao aeroporto. O que dizer do depoimento anônimo nessa reportagem: http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2012/12/04/aeroporto-tem-manha-tranquila-mas-comerciantes-reclamam-de-atos-de-vandalismo-de-corintianos.html
“Se eles soubessem que aqui dentro estava cheio de panetone acho que teriam arrombado aqui e levado tudo”. É assim que funciona, em qualquer time.

E quem ler esse texto pode achar que sou torcedor do Corinthians. Muito pelo contrário. Quero que o Corinthians volte bem cedo, na manhã no dia 12/12/12 especificamente – dia que o São Paulo será campeão da Sulamericana, aliás! 

Esse ano aprendi com o futebol. Aprendi que não vale a pena discutir sobre torcida, sobre importância de títulos. É a velha história do “meu pau é maior que o seu”. Bobagem. Aprendi a discutir sobre o que realmente vale a pena, e mais ainda: com quem realmente vale a pena. E mais: o futebol seria bem melhor se tivesse menos hipocrisia. Seria bem melhor se a rivalidade ficasse mais restrita às quatro linhas (afinal, para o bem de todos, é necessário uma piada aqui e outra ali). 

Seria bem melhor se cada um cuidasse do seu time. 


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