domingo, 9 de dezembro de 2012

"Esquenta!": caricatura de algo que não existe



O "Esquenta!" com a Regina Casé tem a capacidade de subestimar a "pobreza". O que se vê é algo que não existe. O visual beira o ridículo e Regina insiste na imagem "sou do povo". A ideia do programa é ótima, desde sempre. Mas como é mostrado, é um erro.

Tudo ali é uma caricatura, um carnaval mal feito numa festa pseudopobre. O que era pra ser uma festa no quintal ou um churrasco com muito samba, suor e cerveja se torna algo brega, ralo, feio.

Regina Casé e a caricatura de algo que não existe
Mas a capacidade de comunicação de Regina Casé é incrível. Ela dialoga com as massas como poucas, criando empatia ou repulsa. O jeito popular se mostra na entrega da apresentadora, mas há quem diga que é apenas uma atuação. Muito boa, diga-se de passagem.

O fio condutor do programa é o samba, claro. A ideia inicial, desde a primeira temporada era “esquentar” para o carnaval, mas agora se estendeu e ficará por sete meses no ar devido ao sucesso. Me soa como um “tapa buraco”, já que o programa do Didi saiu da programação e “Os Caras de Pau” está em vias de sair também. Pode ficar exaustivo e repetitivo, já que a proposta do programa é fixa, com um conceito imutável. 

Mas o “Esquenta!” não é só samba com Arlindo Cruz, Leandro Sapucahy, Mmumuzinho, Thiaguinho e Péricles. Os Paralamas do Sucesso marcaram presença na estreia e Regina fez merchandising social com deficientes físicos – aproveitando a presença do vocalista dos Paralamas, Herbert Vianna, paraplégico. 


De frente com a presidente: é tudo muito lindo no Brasil




O ponto alto da estreia foi dividido em “pílulas”: a entrevista com a presidente Dilma Rousseff foi mostrada aos poucos, relacionando depoimentos de Dilma com os assuntos que eram tratados no momento pelos cantores para depois exibir no último bloco a conclusão da entrevista. O palanque eleitoral, claro, é inevitável. Mas é uma boa estratégia para segurar a audiência.

O programa tem ritmo, tem unidade, pelo menos nessa estreia que intercalou as entrevistas de Dilma com as atrações do programa. Regina Casé, claro, manteve o estilo inconfundível de puxa-saco com todos os convidados. Afinal, "o que o mundo separa, o Esquenta junta!". 
 
Algo curioso nessa estreia: Regina Casé recebe flores do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pela estreia do programa e solta um sonoro "Que chiqueee!". E antes Preta Gil cantou uma música de preconceitos... Enfim, só uma observação irônica.

Para um programa que se propõe sem preconceitos, acho que é preciso rever algumas coisas.

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