O "Esquenta!" com a Regina Casé tem a capacidade
de subestimar a "pobreza". O que se vê é algo que não existe. O
visual beira o ridículo e Regina insiste na imagem "sou do povo". A
ideia do programa é ótima, desde sempre. Mas como é mostrado, é um erro.
Tudo ali é uma caricatura, um carnaval mal feito numa festa
pseudopobre. O que era pra ser uma festa no quintal ou um churrasco com muito
samba, suor e cerveja se torna algo brega, ralo, feio.
Regina Casé e a caricatura de algo que não existe |
Mas a capacidade de comunicação de Regina Casé é incrível.
Ela dialoga com as massas como poucas, criando empatia ou repulsa. O jeito
popular se mostra na entrega da apresentadora, mas há quem diga que é apenas
uma atuação. Muito boa, diga-se de passagem.
O fio condutor do programa é o samba, claro. A ideia inicial,
desde a primeira temporada era “esquentar” para o carnaval, mas agora se estendeu
e ficará por sete meses no ar devido ao sucesso. Me soa como um “tapa buraco”,
já que o programa do Didi saiu da programação e “Os Caras de Pau” está em vias de
sair também. Pode ficar exaustivo e repetitivo, já que a proposta do programa é
fixa, com um conceito imutável.
Mas o “Esquenta!” não é só samba com Arlindo Cruz, Leandro Sapucahy, Mmumuzinho, Thiaguinho e Péricles. Os Paralamas do Sucesso marcaram presença na estreia e Regina fez merchandising social com deficientes físicos – aproveitando a presença do vocalista dos Paralamas, Herbert Vianna, paraplégico.
De frente com a presidente: é tudo muito lindo no Brasil |
O ponto alto da estreia foi dividido em “pílulas”: a
entrevista com a presidente Dilma Rousseff foi mostrada aos poucos,
relacionando depoimentos de Dilma com os assuntos que eram tratados no momento
pelos cantores para depois exibir no último bloco a conclusão da entrevista. O palanque eleitoral, claro, é inevitável. Mas é uma boa estratégia para segurar a audiência.
O programa tem ritmo, tem unidade, pelo menos nessa estreia que intercalou as entrevistas de Dilma com as atrações do programa. Regina Casé, claro, manteve o estilo inconfundível de puxa-saco com todos os convidados. Afinal, "o que o mundo separa, o Esquenta junta!".
Algo curioso nessa estreia: Regina Casé recebe flores do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pela estreia do programa e solta um
sonoro "Que chiqueee!". E antes Preta Gil cantou uma música de
preconceitos... Enfim, só uma observação irônica.
Para um programa que se propõe sem preconceitos, acho que é
preciso rever algumas coisas.
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