segunda-feira, 22 de abril de 2013

O adeus do papel e as boas vindas (?) dos tablets

O jornalismo brasileiro acompanha as transformações do jornalismo mundial. A canibalização por parte dos novos meios de comunicação – tablets, smartphones e desktops all-in-one com telas touch – estão mudando a forma de se consumir informação em todo o globo. Aqui no Brasil, essas mudanças já começam a surtir efeito.

O "novo" Estadão: o princípio do fim
A praxe, todos os veículos fazem: versões especiais para tablets, aplicativos com mais funções para smartphones, e, o mais básico, versões digitais das versões impressas. Exemplos não faltam: a Editora Globo tem quase todo seu portfolio de revistas dispoível na Banca da Apple, assim como a IstoÉ e a Veja. Os grandes jornais brasileiros seguem o mesmo caminho. Folha e Estadão contam com conteúdos próprios para esses aparelhos, expandindo a cobertura diária do jornal impresso.

Essa digitalização da informação trouxe consequências graves para algumas revistas americanas. Por lá, a tradicional Newsweek deixa de ser impressa para ganhar apenas formato digital. É um fato que observamos como assustador. O impresso está sendo deixado de lado – porém não integralmente substituído – pelo eletrônico e a tendência é cada vez mais jornais e revistas abandonarem o formato tradicional ou até mesmo serem extintas.

O último "JT"
Aqui no Brasil essa tendência é reforçada com dois acontecimentos. No dia 31 de outubro de 2012 foi às bancas a última edição do histórico Jornal da Tarde. Responsável por grandes transformações no jornalismo brasileiro, o JT marcou época com suas grandes reportagens e uma nova forma de dialogar com o leitor, antenado aos novos tempos. Foi exemplo para o novo jornalismo que surgia no Brasil, influenciando outros grandes nomes, como a Folha e o Estadão.

Um outro acontecimento – não tão tortuoso – vem com a reformulação promovida pelo Estadão a partir do dia 22 de abril. O jornal impresso tornou-se mais enxuto, acarretando a demissão de vários funcionários do jornal. A reformulação é pautada pela união de vários cadernos em um só, seguindo uma tendência de jornais menores, porém mais práticos e rápidos para a leitura num mundo cada vez mais sedento por rapidez e agilidade. Vale lembrar que o JT é do mesmo grupo do Estadão.






O jornalismo segue uma aposta que os livros também estão seguindo. Como disse o economista Roberto Luis Troster no “novo” Estadão – uma pequena coincidência, talvez – de ontem no artigo “A revolução de Gutenberg e as reformas brasileiras”: “É difícil prever o futuro do livro. Algumas inovações baratearam o custo de produção e distribuição, possibilitando edições menores e mais baratas. Há também novas formas de divulgação e armazenamento de informações, o que permite antecipar que o número de enciclopédias impressas seja reduzido e o uso de dispositivos de leitura como o Kindle e o iPad aumente. Entretanto, o encanto de um livro impresso bem escrito e encadernado com esmero ainda não tem substituto. Subsistirá”.


Nada substituirá o cheiro do folhear de um bom livro, o cheiro do papel e as mãos sujas de tinta do jornal. A não ser que criem um “app” para isso.

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