O
jornalismo brasileiro acompanha as transformações do jornalismo mundial. A
canibalização por parte dos novos meios de comunicação – tablets, smartphones e
desktops all-in-one com telas touch – estão mudando a forma de se consumir
informação em todo o globo. Aqui no Brasil, essas mudanças já começam a surtir
efeito.
O "novo" Estadão: o princípio do fim |
A praxe,
todos os veículos fazem: versões especiais para tablets, aplicativos com mais
funções para smartphones, e, o mais básico, versões digitais das versões
impressas. Exemplos não faltam: a Editora Globo tem quase todo seu portfolio de
revistas dispoível na Banca da Apple, assim como a IstoÉ e a Veja. Os grandes
jornais brasileiros seguem o mesmo caminho. Folha e Estadão contam com
conteúdos próprios para esses aparelhos, expandindo a cobertura diária do jornal
impresso.
Essa
digitalização da informação trouxe consequências graves para algumas revistas
americanas. Por lá, a tradicional Newsweek deixa de ser impressa para ganhar
apenas formato digital. É um fato que observamos como assustador. O impresso
está sendo deixado de lado – porém não integralmente substituído – pelo eletrônico
e a tendência é cada vez mais jornais e revistas abandonarem o formato
tradicional ou até mesmo serem extintas.
O último "JT" |
Aqui no Brasil essa tendência é
reforçada com dois acontecimentos. No dia 31 de outubro de 2012 foi às bancas a
última edição do histórico Jornal da Tarde. Responsável por grandes transformações
no jornalismo brasileiro, o JT marcou época com suas grandes reportagens e uma
nova forma de dialogar com o leitor, antenado aos novos tempos. Foi exemplo
para o novo jornalismo que surgia no Brasil, influenciando outros grandes
nomes, como a Folha e o Estadão.
Um outro acontecimento – não tão
tortuoso – vem com a reformulação promovida pelo Estadão a partir do dia 22 de
abril. O jornal impresso tornou-se mais enxuto, acarretando a demissão de vários
funcionários do jornal. A reformulação é pautada pela união de vários cadernos
em um só, seguindo uma tendência de jornais menores, porém mais práticos e
rápidos para a leitura num mundo cada vez mais sedento por rapidez e agilidade.
Vale lembrar que o JT é do mesmo grupo do Estadão.
O jornalismo segue uma aposta que
os livros também estão seguindo. Como disse o economista Roberto Luis Troster
no “novo” Estadão – uma pequena coincidência, talvez – de ontem no artigo “A
revolução de Gutenberg e as reformas brasileiras”: “É difícil prever o futuro
do livro. Algumas inovações baratearam o custo de produção e distribuição,
possibilitando edições menores e mais baratas. Há também novas formas de
divulgação e armazenamento de informações, o que permite antecipar que o número
de enciclopédias impressas seja reduzido e o uso de dispositivos de leitura
como o Kindle e o iPad aumente. Entretanto, o encanto de um livro impresso bem
escrito e encadernado com esmero ainda não tem substituto. Subsistirá”.
Nada substituirá o cheiro do
folhear de um bom livro, o cheiro do papel e as mãos sujas de tinta do jornal.
A não ser que criem um “app” para isso.
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