Yane Marques é bronze: pódio inédito no pentatlo moderno |
Mais uma Olimpíada que termina e o saldo para o Brasil, por
mais que os torcedores de sofá falem o contrário, é extremamente positivo para
o país. É o recorde de pódios (16), mas não é o recorde de ouros (3, ante os 5
de Atenas-04). Isso não importa, pelo menos agora. O Brasil viu medalhistas que
não eram esperados, inéditos: duas no boxe com os irmãos Falcão (bronze para
Yamaguchi e parata para Esquiva), o ouro de Sarah Menezes no judô, Arthur
Zanetti nas argolas e o último, o bronze de Yane Marques no pentatlo moderno.
Os falastrões e impiedosos vão lembrar somente das “decepções”
(sim, com aspas): a prata no vôlei masculino, o bronze de Cielo na prova em que
era favorito e defendia o bi-olímpico na natação (50m), a prata de Emanuel e
Alisson e o bronze de Juliana e Larissa no vôlei de praia, entre outros. Vão
lembrar mais ainda das, essas sim decepções, sem aspas: derrotas no futebol, a falta
de medalhas no atletismo, quedas nos torneios de basquete e handebol, etc.
Do futebol, fica a lição: hora de olhar para dentro do país,
esquecer estrelismos e egos. No feminino, o investimento subiu no telhado. Não
bastou Marta ganhar títulos de melhor do mundo, não bastou o Brasil ser
campeão, nada adiantou. Várias desistiram e o apoio fica somente na palavra. Os
rapazes da seleção tem a chance de mudar esse jogo com as próximas competições.
Apesar de clichê, a camisa deve pesar e deve ser honrada, com garra e atitude.
Como em qualquer time ou seleção. É difícil esquecer que o futebol virou um
balcão de negócios, mas ainda acredito que há os que pensem diferente.
Rio 2016: menos "bronzil", se possível |
Nos outros esportes, é hora de investir. Hora de olhar para
os esportes individuais, como a natação, lutas e atletismo. São apenas quatro
anos para o Brasil mostrar que pode ser uma nação que revela talentos, lapida
competidores e que, se ainda não pode ser uma potência olímpica, pode ser um
celeiro de talentos. Não só no “tão importante” futebol. O basquete vem numa
crescente boa, as ligas nacionais tem tido investimentos e o apoio cresce. No
vôlei, que vem de quase uma década vitoriosa, idem. É preciso olhar com mais
carinho para a ginástica, que caiu de produção. Olhar sem preconceito para a
ginástica masculina. Investir mais no atletismo que, pela primeira vez em 20
anos, ficou sem medalha. Treinar mais “Cielos” para a natação. Nas lutas, que o
investimento cresça depois das medalhas ganhas em Londres.
Pode parecer utópico, visionário, esperançoso demais, mas só
com investimento público (e não gasto público) o Brasil pode chegar em posições
melhores no ranking de medalhas. Se acontecer em casa, melhor ainda. Vai,
Brasil!
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