domingo, 19 de maio de 2013

É preciso uma virada na Virada Cultural


As mortes e arrastões na Virada Cultural só mostram que a cidade de São Paulo ainda não está preparada para um evento desse porte. Ou então chegou a hora de rever o que deve ser entendido por uma Virada Cultural.

Obviamente, é importante frisar: são fatos isolados. Mas a cada ano crescem os relatos de quem viu arrastões, brigas, etc. As mortes e feridos constatados são poucos diante dos inúmeros roubos que acontecem em vários locais. Há ainda aqueles cidadãos que nem boletim de ocorrência fazem, diante da inércia da polícia e da falta de paciência em realizar um processo tão burocrático – e que não resolverá nada, só vai virar estatística. Discussões partidárias, como a Folha de S. Paulo quer fazer, não cabem aqui.

Já fui no evento em 2009, quando a virada estava em sua 5ª edição. Não vi nada de anormal, nenhuma briga, muito menos arrastão. Aliás, foi um dos eventos mais legais que já fui. De lá pra cá muita coisa mudou, principalmente a frequência de público. Não há como negar: a visibilidade aumenta, um prato cheio para pessoas que não estão ali para ver uma atração.

É preciso rever o conceito da Virada Cultural, aparentemente esgotado. É preciso descentralizar. É preciso rever o conceito de cultura, até porque ter como atração Rita Cadillac não me parece algo “cultural” (mas “cultura” é algo para todos, tem quem goste: lá vem a bandeira do politicamente correto contra o preconceito). A cidade de São Paulo é muito grande e tem muitos espaços para eventos. A concentração das atrações no centro é prejudicial, pois a concentração de público e o risco são maiores. Logisticamente, é muito mais fácil: opções de transporte público não faltam e é muito mais barato aglutinar toda uma estrutura (palcos, iluminação, segurança) em uma única região. As outras regiões ficam restritas a SESCs (com atrações muito mais qualificadas). E só. E o Anhembi? E o Ibirapuera?

É preciso, acima de tudo, que o cidadão paulistano faça valer todos os impostos pagos. Afinal, a ilusão de que o evento é “gratuito” é fácil de ser vendida: grandes cantores, “de graça”. Balela. Tudo ali foi tirado do nosso bolso. Ainda assim, os grandes cantores e as peças teatrais, danças, e artes que ali se apresentam não merecem ter seu nome vinculado a um evento desorganizado e perigoso.

É um direito nosso exigir mais qualidade – de atrações e segurança – de um evento que propõe levar cultura a cada vez mais pessoas.

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